Riscos de pandemia podem vir a ser incluídos nas apólices de seguro, afirma CEO da RGA Global Insurance em webinar da CFA Society Brazil

       

O Diretor Técnico e de Estudos da CNseg, Alexandre Leal, participou na última terça-feira, dia 4, como moderador, do webinar “COVID-19 sob a perspectiva de um atuário: GPS no labirinto de estatísticas”, organizado pela CFA Society Brazil  e apresentado pelo CEO da RGA Global Insurance Company, Ronald Poon Affat, atuário com 30 anos de experiência em mercados de seguro emergentes.

De acordo com Ronald, apesar de o Brasil enfrentar uma “tempestade perfeita”, com vários fatores contribuindo para a propagação do vírus, países como o Chile e a Bélgica estão em condições piores, com um número maior de mortes por milhão de habitantes.

Ainda assim, ele acredita que há no Brasil um grande número de casos de subnotificações, tanto de infecções quanto de mortes. Identificar os números corretos, porém, é um grande desafio. As estimativas do aumento do número de óbitos em 2020, por conta da COVID-19, variam entre 6% e 47%, por exemplo. Alexandre Leal citou estudo da Prefeitura de São Paulo apontando que pode haver até 10 vezes mais pessoas infectadas na cidade do que o notificado, perguntando se esse número procede. Apesar de Ronald não conhecer a fundo esse estudo, informou sobre outro feito na Califórnia que indica que os casos não notificados podem ser de 50 a 85 vezes maiores que os notificados, alertando, porém, que o estudo é controverso.

Outra estimativa que possui uma grande variação é a projeção para o total de mortos por COVID-19 no Brasil até o final de agosto, que variam entre 116 mil e 180 mil. Além disso, Ronald acredita que ainda demoraremos muito tempo para voltarmos à normalidade, mesmo após a descoberta da vacina, visto que para conter a doença, pelo menos 60% da população precisa estar imunizada.

Questionado pelo moderador sobre as comorbidades, ou seja, sobre as doenças que, associadas à COVID -19, geram um maior risco de morte, o palestrante citou a diabetes, a hipertensão, as doenças cardíacas e a obesidade das pessoas com IMC acima de 30%.

Um dos participantes do webinar indagou se Ronald acredita que as seguradoras passarão a considerar, na subscrição dos seguros de vida, se o contratante já testou positivo para o coronavírus. O CEO da RGA acredita que não, dadas as dificuldades para tal, mas não descarta a possibilidade que as subscrições dos seguros para diabéticos, cardíacos e hipertensos passarem a levar esses riscos em consideração. Como exemplo, citou uma lei da Inglaterra que obriga àqueles já fizeram testes genéticos indicando propensão a certas doenças a informarem à seguradora.

Já no fim da apresentação, o diretor da CNseg perguntou que lições o setor segurador deverá aprender com a pandemia. Lembrando que as seguradoras brasileiras se posicionaram rapidamente no sentido de cobrir eventos de morte decorrentes da pandemia, ainda que não previstos em contrato, Ronald disse acreditar que os riscos de pandemia passarão a ser incluídos nas apólices de seguro, além de prever um aumento pela procura do seguro devido a uma maior conscientização de sua importância. 

A CFA Society Brazil é o braço local do CFA Institute, maior associação mundial de profissionais de investimentos, com mais de 178 mil membros e representação em 157 países.


Fonte: CNseg.