Apesar da boa percepção com a redução da queda do PIB, indicadores ainda desafiam o rumo do país

A grande incógnita em relação ao PIB está mesmo no último trimestre, quando ainda haverá um grande caminho para a retomada do patamar pré-pandemia, diz Pedro Simões, economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, a Confederação das Seguradoras, no boletim Acompanhamento das Expectativas Econômicas semanal das expectativas econômicas feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg. “A produção industrial veio mais alta do que se esperava, sendo ela um motor para a retomada, mas ainda numa base deprimida desde 2014, mas o cambio valorizado pode ter ajudado neste desempenho melhor”, cita.

Para Simões, não há garantias de que o ritmo da recuperação se mantenha. A possibilidade de o auxílio emergencial ser estendido até dezembro, uma atenuação das tensões políticas e os efeitos defasados do corte de juros na economia real são fatores positivos para o segundo semestre. “A lenta recuperação dos serviços, a fraqueza do mercado de trabalho e a percepção de deterioração das contas públicas preocupam”, comenta Simões com o blog Sonho Seguro

Para o economista da CNseg, o quarto trimestre trará uma visão mais clara para o crescimento do PIB, quando realmente haverá uma decisão do governo sobre os estímulos dados com o auxilio emergencial. “Por quanto temos as ondas de otimismo, mas só no final do ano vai entender mais qual vai ser o ritmo do crescimento do Brasil”, opina.

Esta semana tem uma agenda cheia de divulgação de importantes indicadores que devem trazer novas projeções dos analistas de mercados no Focus da próxima segunda-feira (17). Entre eles, nesta terça-feira será divulgada a Ata do Copom, que mostrará o quanto o Banco Central estaria disposto a levar adiante a sinalização de continuar cortando a taxa Selic. Pesquisa divulgada pela Agência Estado mostra que a ampla maioria (75%) dos analistas acredita que o Copom não terá espaço para derrubar a Selic abaixo dos 2%.

Entre os dados da evolução da pandemia, um deles pode vir a favorecer o seguro auto, uma vez que pesquisas mostram que boa parte da contaminação pelo Covid-19 tem se dado no transporte público, como mostra reportagem da Folha nesta segunda-feira.

Leia abaixo a edição No 111 – agosto/2020 – semana 2

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS E PROJETOS – SUESP | estudos@cnseg.org.br

As projeções para a retração do PIB este ano melhoraram pela sexta semana consecutiva, ainda que em ritmo mais lento. A projeção mediana subiu de -5,66% para -5,62%, enquanto os analistas aguardam as divulgações de importantes indicadores de atividade para o mês de junho que ocorrerão nesta semana. Com esses dados, será possível traçar um quadro mais completo a respeito da atividade econômica no auge da crise provocada pela pandemia da Covid-19.

Para o ano que vem, a projeção foi mantida em 3,50%, ratificando a percepção de que os movimentos recentes não são apenas“transferências” de crescimento de um ano para o outro, mas realmente uma expectativa de recuperação mais intensa no biênio. A produção industrial cresceu 8,9% em junho, com ajuste sazonal, segundo divulgou o IBGE, e o resultado ficou acima das projeções, acompanhado de uma revisão de 7 para 8,2% do dado de maio.

Apesar das manchetes destacarem o vigor dos indicadores antecedentes para o terceiro trimestre, há poucas novidades. Após um tombo da dimensão do que a economia brasileira sofreu entre abril e junho, é natural que haja uma recuperação mais intensa a seguir, especialmente com as medidas de reabertura da economia prosseguindo. Isso não surpreende, dada a exaustão econômica e social com as medidas de isolamento. Afinal, se não é possível afirmar que a pandemia esteja controlada no país, com uma média diária de mortes associadas à doença rodando o patamar de 1000 desde meados de junho, tampouco as projeções mais pessimistas têm se verificado.

A grande incógnita em relação ao PIB está mesmo no último trimestre, quando ainda haverá um grande caminho para a retomada do patamar pré-pandemia. Porém, não há garantias de que o ritmo da recuperação se mantenha. A possibilidade de o auxílio emergencial ser estendido até dezembro (ainda que com valor menor), uma atenuação das tensões políticas e os efeitos defasados do corte de juros na economia real – especialmente em atividades que são muito afetadas pelo custo de capital, como a construção civil – são fatores positivos para o segundo semestre.

Por outro lado, a lenta recuperação dos serviços, a fraqueza do mercado de trabalho e a percepção de deterioração das contas públicas preocupam. Esse último fator, inclusive, pode ser visto no comportamento dos juros futuros, que, apesar da redução dos juros básicos pelo Copom em 0,25p.p. – como esperávamos – subiram no final da semana por conta dos riscos fiscais e alguma deterioração no cenário externo. As projeções para a Selic, aliás, permaneceram em 2,00% para o final deste ano e em 3,00% para o final de 2021, valores diferentes da mediana das instituições Top-5, mostrando que a trajetória da política monetária no Brasil ainda não é tão definitiva.

A projeção para o IPCA, depois da divulgação do índice de julho, se manteve em 1,63%. Para 2021, segue em 3,00%. Por outro lado, a projeção para o IGPM continuou a subir, chegando a 8,76% para 2020 No calendário econômico da semana, destaque para a divulgação da Ata do Copom, amanhã (11/08) e para a PMC, na quarta-feira (12/08), PMS, na quinta (13/08) e IBC-Br, na sexta-feira (14/08), todos com dados referentes ao mês de junho, encerrando a divulgação de pesquisas conjunturais de atividade no segundo trimestre, cujo PIB será conhecido no final deste mês.

Matéria origalmente publicada no blog Sonho Seguro.


Fonte: CNseg.