As incertezas internas e externas enfrentadas pelo Brasil em 2021 devem continuar no próximo ano, tornando difícil prever o cenário


15 de Outubro de 2021 - Comitê de Estudos de Mercado

“O PIB, a inflação, o câmbio e os juros de longo prazo podem continuar sendo afetados em 2022 pelas incertezas internas e externas”, afirmou o professor Luiz Roberto Cunha durante a reunião do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg (CEM) realizada em 23 de setembro, de forma remota. A recuperação da economia mundial, apesar dos avanços na vacinação e na retomada da atividade, tem sido afetada por pressões inflacionárias decorrentes dos efeitos da pandemia sobre as cadeias produtivas e os preços de energia. Nos EUA, a política monetária americana deve iniciar a redução nas compras de ativos (taper) e aumentou a probabilidade de aumento de juros já em 2022, não apenas em 2023, como anteriormente esperado. Além disso, o governo Biden enfrenta dificuldades na aprovação no Congresso dos programas de investimento em infraestrutura e na área social, que seriam importantes para a recuperação da economia. Na China, pressões de preços de energia e problemas em empresas do setor de construção, que têm participação elevada na composição da segunda maior economia do mundo, estão levando a reduções significativas na projeção do PIB para 2022.

No Brasil, até o final do ano, uma extensa agenda de propostas na área fiscal, além das reformas pendentes, precisa ser aprovada no Congresso para garantir os recursos para a continuidade dos programas sociais, além da solução para questão dos precatórios, de modo permitir aprovar o Orçamento Geral da União e garantir a manutenção do Teto de Gastos de modo a reduzir a incerteza fiscal.  

A grande questão em termos de cenários para 2022 no Brasil, na visão do professor, é a difícil combinação entre a taxa de inflação e o crescimento do PIB, em termos das medidas de política monetária, especialmente a taxa Selic. A redução do IPCA do nível atual acima de 10%, em 12 meses, para abaixo do teto da meta de 5% em 2022, poderá exigir um 'custo' elevado para atividade. Esta parece ser a razão para a amplitude das projeções do PIB em 2022, variando entre 2% e 0,5%, especialmente em um ano eleitoral, considerando as incertezas externas.

Um ponto positivo a ser lembrado, entretanto, é o do avanço da vacinação, que aumenta a confiança na retomada da economia, apesar de os consumidores ainda se manterem relativamente pessimistas. No varejo e em serviços, os números são mais positivos que os da indústria; particularmente, os serviços e produtos voltados a pessoas de alta renda, que não foram tão afetadas pela pandemia. Já os grupos de produtos que dependem de crédito, como móveis e eletrodomésticos, não tiveram um bom desempenho em 2021, evidenciando que a retomada da economia tem sido extremamente desigual.  

Abordando desempenho do setor segurador, em particular, a constatação é que a margem de lucro líquido das seguradoras vem caindo, de 2019 para 2020. A exceção é a saúde suplementar, cujo lucro líquido cresceu 48,9% no período. O nível de eficiência operacional das seguradoras, por sua vez, tem se mantido estável, ao passo que o índice de solvência tem crescido.  


Fonte: CNseg