As megas tendências e os rumos da economia em debate na reunião da Comissão de Inteligência de Mercado

 “O século XIX começou em 1918, com o fim da 1º Guerra Mundial e o século XXI começou em 2022, com o fim da pandemia”, afirmou Luis Rasquilha, da Inova Consulting, em apresentação na reunião de novembro da Comissão de Inteligência de Mercado da CNseg (CIM), ocorrida no dia 23.

Rasquilha, que atua como consultor no mapeamento de tendências e gestão de inovações e transformação digital, começou sua apresentação diferenciando os conceitos de tendência, onda e moda. Onda seria aquilo que, quando surge, causa um grande impacto, mas dissipa-se rapidamente. Moda seria aquilo que é incorporado de na rotina diária, mas sem gerar mudanças de comportamento. Tendência, por sua vez, seria tudo que acarreta mudanças e alterações com capacidade de influenciar as dinâmicas dos negócios e o comportamento dos consumidores. E há, ainda, segundo ele, as mega tendências, que geram mudanças de larga escala em termos sociais, econômicos, políticos, ambientais e tecnológicos, que se manifestam de forma consistente na realizada atual e que influenciam decisivamente o futuro.

Entre as mega tendências atuais, Rasquilha listou, no campo da tecnologia, a evolução tecnológica, a conectividade permanente e o humanismo digital, que é o desenvolvimento digital centrado no ser humano. No campo ambiental, as mega tendências são as alterações climáticas, as alternativas em recursos naturais e os novos recursos energéticos. Já no campo da educação e das empresas e negócios, elas englobam as transformações permanentes, o mindset de startup e os novos modelos de atuação. E, no campo social e humano, por sua vez, elas se relacionam com o envelhecimento e a explosão demográfica, a busca pelo novo e desconhecido e a redução das desigualdades.

O consultor da Inova deixou claro que essas avaliações das tendências e previsões em relação ao futuro envolvem toda uma ciência para tal, estando muito longe de ser meros palpites. E para reforçar sua afirmação, informou que de todas as previsões feitas em 2010 para 2020, 97% delas se confirmaram. Por fim, deixou, como conselho, que olhemos para as tendências que afetam os nossos negócios para identificar as oportunidades que trazem.

2023 será um ano desafiador no Brasil e no mundo

A apresentação seguinte da reunião, feita por Pedro Simões, economista da Superintendência de Estudos e Projetos da CNseg, foi sobre o cenário econômico para 2023. Segundo ele, a alta volatilidade atual do mercado financeiro brasileiro se deve, entre outros fatores, à falta de sinalizações claras da parte do governo eleito em relação à economia, inclusive a respeito da nova equipe econômica e o novo regime fiscal. Entretanto, nada comparado ao período que antecedeu o primeiro mandato de Lula, em 2002, quando a desconfiança era maior e a deterioração se prolongou por meses, até que uma equipe que garantisse a manutenção da estabilidade econômica fosse empossada.

De certo, 2023 será um ano desafiante, com uma forte desaceleração na economia global, visto que EUA, China e Europa, que são as regiões que tradicionalmente mais impulsionam o crescimento mundial, estão simultaneamente com problemas e há um forte aperto monetário global em curso. Isso torna ainda mais delicada a situação do Brasil, que tem um endividamento público mais alto que o de seus pares países emergentes. Além disso, por aqui, disse Pedro, corremos o risco, caso o governo eleito não coloque o fiscal em uma trajetória sustentável, de repetirmos um padrão em que a política monetária, mais restritiva, e a política fiscal, mais expansionista, apontam em direções diferentes, aumentando a taxa de juros neutra e diminuindo o crescimento potencial da economia.

Fonte: CNseg