De pets a IA – seguradoras se mobilizam para atender demandas da sociedade

Não é novidade que os animais de estimação adquiriram nas últimas décadas um papel de destaque na sociedade. Considerados por muitos como integrantes da família, os pets estão sujeitos a acidentes e doenças que tiram o sono de seus tutores e movimentam um mercado bilionário de cuidados com a saúde e o bem-estar dos animais. Embora não desperte os mesmos afetos, outro tema que pode tirar o sono de muita gente é a cibersegurança, agora com foco no uso da Inteligência Artificial (IA) em vários níveis de atividades. Problemas com o pet ou sua rede de computadores têm algo em comum – podem contar com um seguro.

Só no Brasil, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), a população de cães e gatos chegava a 85,2 milhões de animais em 2021. Ainda segundo a associação, o Brasil ocupa a sexta posição entre os mercados de maior faturamento da indústria pet, incluindo alimentação e cuidados médicos.

A proteção de animais domésticos e seus tutores estão entre as tendências de seguros da América Latina que serão debatidas na Conferência Hemisférica de Seguros – Fides Rio 2023. O encontro, organizado pela Federação Interamericana de Empresas de Seguros, tendo a CNseg entre as entidades fundadoras e representantes do Brasil, está marcado para acontecer de 24 a 26 de setembro, no Rio de Janeiro.

A oferta de seguros para pets vem crescendo na região como um todo. Seguradoras colombianas, por exemplo, lançaram planos de assistência pet, acoplados ou não a seguros mais tradicionais. As coberturas vão de cuidados veterinários rotineiros ou emergenciais a indenizações a terceiros por danos materiais ou pessoais causados pelos pets.

Na Colômbia, ao menos cinco seguradoras – Sura, HDI, Mundial, La Equidad e Mapfre – já disputam esse nicho de mercado. As apólices, destinadas preferencialmente aos donos de cães e gatos, também podem ser contratadas para animais mais exóticos, como cobras, tartarugas, lagartos, pássaros e coelhos.

Outra aposta promissora das seguradoras latino-americanas, que vai ser destaque na Fides deste ano, é a proteção contra riscos cibernéticos, outro problema que tira o sono de muita gente.

A novidade dos últimos anos é o seguro para Inteligência Artificial (IA), mercado que se expande de forma acelerada e em 2021 movimentou US$ 87,04 bilhões. A previsão é que, em 2030, movimente US$ 1,5 trilhão, segundo a Precedence Research, empresa de pesquisa e fornecedora de informações estratégicas de mercados.

Os números projetados espelham o uso cada vez mais frequente da IA em atividades do varejo, automotivo, logística entre outros. A ferramenta Chat GPT, especializada em diálogo e desenvolvida por IA, recentemente chamou a atenção ao produzir textos e responder perguntas.

Na indústria farmacêutica, IA pode ser usada na fabricação de novos remédios, pesquisas e ensaios clínicos em todo o mundo. As seguradoras atendem a estes desafios do uso massivo da IA criando produtos da linha de responsabilidade civil para cobrir erros ou falhas dessa tecnologia.

Quem deu a largada em seguros para IA foi a Munich Re, pioneira a oferecer este tipo de cobertura. Lançada em 2018, a proteção (AiSure) avança de forma gradual, acompanhando a transformação digital das empresas e o uso crescente da IA.

Na Fides Rio 2023, a transformação digital e a criação de novos produtos e soluções em seguros estão entre os oito eixos temáticos do evento, que neste ano tem como tema “Seguros para um Mundo mais Sustentável”.

Também haverá um espaço importante, dentro da proposta deste ano, para o impacto das mudanças climáticas que elevam diversos riscos a serem cobertos pelo setor segurador.

No evento, entre os nomes internacionais já confirmados, estão o ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Luís Alberto Moreno, que esteve à frente da instituição por 12 anos, entre 2005 e 2020, e o economista, professor e ganhador do Prêmio Nobel, Paul Krugman.

Nas últimas edições do encontro, realizado a cada dois anos, estiveram reunidas mais de 1.200 pessoas que atuam no setor segurador. E na edição deste ano de 2023 são esperados mais de 1.500 participantes. Essa será a primeira conferência presencial que se realizará após três anos de pandemia de Covid-19.

Fonte: CQCS