Direto do Fórum de Seguros França-Brasil, em Paris: seguro e clima em um mundo em transformação

O primeiro painel do Fórum de Seguros França-Brasil, “Seguro e Clima em um Mundo em Transformação”, reuniu especialistas internacionais para debater os impactos das mudanças climáticas sobre o setor segurador.

O encontro trouxe dados alarmantes e propostas concretas, especialmente sobre modelos de risco, lacunas de proteção e adaptação climática.

Perdas seguradas superam US$ 100 bilhões por ano

Michele Lacroix (SCOR) revelou, durante o Fórum de Seguros França-Brasil, que as perdas seguradas globais quadruplicaram em 30 anos. Além da crise climática, três fatores impulsionam essa alta: aumento do valor dos bens, concentração urbana e inflação patrimonial.

Ela destacou ainda o crescimento de riscos secundários, como incêndios e tempestades, que já respondem por 90% das perdas. A proposta? Três eixos: prevenção, adaptação e mitigação climática, com revisão de normas urbanas, apoio público e redução de carbono nas carteiras.

Brasil: apenas 5% das perdas cobertas por seguro

Pedro Farme d’Amoed (Guy Carpenter) trouxe a realidade brasileira para o Fórum de Seguros França-Brasil: a tragédia climática no RS em 2023 evidenciou uma lacuna de proteção de 95%.

Ele defende o uso de modelos preditivos de inundações, como o lançado em 2024, já adotado por mais de 20 empresas.

Pedro Farme d’Amoed, executivo da Guy Carpenter Brasil faz um balanço do Fórum de Seguros França-Brasil:


Investimento responsável e risco sistêmico

No Fórum de Seguros França-Brasil, Rebecca Chapman (PRI) reforçou o papel dos investidores. Ela defende políticas públicas críveis e investimento em adaptação, além de engajamento político como estratégia de portfólio.

O PRI reúne mais de 5 mil signatários globais, incluindo mais de 130 no Brasil. Chapman destacou que investir em transição energética e setores de alta emissão será essencial para mitigar danos futuros.

OCDE: coordenação global é essencial

Timothy Bishop (OCDE) chamou atenção para a perda de acessibilidade a seguros durante o Fórum de Seguros França-Brasil, mesmo em países ricos. Na Austrália, 15% das famílias já não conseguem pagar o seguro residencial. Ele defende parcerias público-privadas (PPPs) e uso de fundos de perdas e danos como instrumentos de resiliência.

Bishop citou modelos bem-sucedidos, como o Flood Re (Reino Unido) e o sistema da Espanha, que combina seguro e dados públicos para políticas de mitigação.

O Fórum de Seguros França-Brasil contou com o patrocínio da EZZE e Guy Carpenter

Fonte: CNseg | Notícia do