Margem das seguradoras cai

A modalidade de seguros de transportes encerrou o primeiro semestre apresentando uma margem de contribuição de R$ 124,8 milhões (19,2% dos prêmios ganhos) contra R$ 147,3 milhões (24,2% dos prêmios ganhos) em 2004, demonstrando uma queda nominal de 15% ou real de 23% (descontando a inflação média pelo IGP-M). Em 2003 a margem era equivalente a 24,5% dos prêmios ganhos. Esse desempenho está atrelado ao agravamento da sinistralidade retida em quase todas as carteiras que compõem a modalidade, analisa Luiz Roberto Castiglione, membro da Academia Nacional de Seguros Privados (ANSP) e do Instituto Roncarati de Seguros. A sinistralidade passou de 48,5% dos prêmios ganhos para 54,9% no período em questão, uma variação desfavorável de R$ 42 milhões. O nível de recuperação de sinistros diminuiu, passando a representar 12,7% dos sinistros pagos ou avisados, contra 15,9% de 2004. A comercialização se manteve em torno de 20% dos prêmios ganhos. "É importante ressaltar que a concorrência predatória também vem afetando a performance da carteira. O nível de comercialização subiu apesar do agravamento da sinistralidade", analisa Castiglione. Circular 123 reduz ganhos "Como se pode observar a situação não é confortável. Concorrendo para piorar o cenário, a Susep baixou a Circular 123, que proíbe os embarcadores de fazerem os seguros de seus prestadores de serviços", continua o especialista. Esse projeto em seguro diferenciado permite que o dono da mercadoria passe a realizar todos os seguros de transportes, substituindo as diferentes segmentações em apenas uma apólice de all risks. Segundo Castiglione, esse projeto passou a permitir economias de escala (aumento de competitividade e lucro), maior controle da averbação (100% averbado), geração de empregos (pequenas transportadoras que não conseguiam seguro devido à pequena quantidade de veículos) e por fim um grande inibidor de fraudes (dadas às condições de segurança que o projeto exige). Castiglione acredita que as seguradoras especializadas no ramo de transportes não conseguiram demonstrar o resultado que seria obtido. "De imediato, teremos todos os ganhos de escala perdidos. Num segundo momento, a marginalização das micros e pequenas transportadoras, gerando desemprego." O especialista finaliza dizendo que o momento as grandes perdas do mercado estão localizadas na modalidade de transportes e na do seguro saúde. (Monitor Mercantil)