Previdência derruba setor

O volume de vendas do mercado de seguros - incluindo previdência e capitalização - no primeiro semestre atingiu a cifra de R$ 30,3 bilhões, ante R$ 28,2 bilhões no mesmo período de 2004, demonstrando um crescimento nominal de 7,5% ou queda real de 3,7% (descontando a inflação média do período medida pelo IGP-M).Essa queda no desempenho, segundo Luiz Roberto Castiglione, membro da Academia Nacional de Seguros Privados (ANSP) e do Instituto Roncarati de Seguros, está atrelada aos setores de previdência privada e de capitalização e ao que ele chama de produtos financeiros (PGBL e VGBL, que oficialmente estão enquadrados na categoria de previdência)."Todos registraram vendas inferiores à inflação. O setor de seguros conseguiu superar a inflação em todos dos períodos analisados." Excluindo o VGBL, os demais setores apresentaram um crescimento nominal de 9,2% ou queda real de 2,2%. A entrada em vigor, no início de 2005, da nova legislação tributária para PGBL e VGBL é a principal causa da retração nas vendas desses produtos.A margem de contribuição do conjunto foi de R$ 1,9 bilhão contra R$ 1,4 bilhão em 2004, demonstrando um crescimento nominal de 42% ou real de 27%. "Posso atribuir essa melhoria à redução do déficit da margem de previdência e a melhoria no setor de seguros. O setor de capitalização manteve sua margem estável", diz o especialista, que em sua análise isola o resultado de controladas e coligadas."O desempenho do setor de seguros não foi melhor porque o esforço do atual governo em transformar o sistema de saúde suplementar em um SUS privado foi alcançado", ironiza Castiglione.O mercado de seguros encerrou os primeiros seis meses do ano com um resultado líquido de R$ 3,5 bilhões, ante R$ 2,1 bilhões no primeiro semestre de 2004, um crescimento nominal de 63% ou real de 46%. Excluindo o resultado de coligadas e controladas, o resultado líquido atinge a R$ 1,1 bilhão, 25% superior aos R$ 912 milhões de 2004, em termos nomias, ou 12%, descontada a inflação.O desempenho é atribuído por Castiglione à melhoria do setor de previdência e ao pequeno aumento da margem de contribuição do setor de seguros. Outro ponto importante se deve à redução dos custos administrativos. Esses somaram R$ 2,6 bilhões, apresentando um crescimento nominal de 3,1% ou queda real de 7,7% frente aos R$ 2,5 bilhões de 2004. O índice Despesa / Prêmio foi equivalente a 13,6% dos prêmios ganhos mais rendas retidas em 2005, contra 15,3% de 2004 e 15,4% de 2003.O setor de seguros encerrou o semestre com uma margem de contribuição de R$ 1,8 bilhão (11,9% dos prêmios ganhos) contra R$ 1,6 bilhão (11,3% dos prêmios ganhos) em 2004, demonstrando um crescimento nominal de 18% ou real de 6%.A grande surpresa nesse semestre, segundo Castiglione, é a melhoria da margem de contribuição do ramo Automóvel.- De fato, essa performance veio ajudar o setor de seguros, já que foram registradas pioras nas modalidades de Transportes e Seguro Saúde. Se o Automóvel tivesse mantido os números do ano passado a situação iria ser bem diferente.Somando as modalidades de Automóvel, Vida em Grupo e Seguro Saúde, o volume de vendas atingiu R$ 12,3 bilhões (65% do mercado) contra R$ 10,8 bilhões (igual fatia do mercado) em 2004, um crescimento nominal de 14% ou real de 2%. A margem conjunta foi de R$ 353 milhões (3,1% dos prêmios ganhos) contra R$ 360 milhões (3,5% dos prêmios ganhos) em 2004, uma queda nominal de 2%. O grande impacto se localizou no Seguro Saúde, parcialmente amenizado pela recuperação do Automóvel.O setor, sem considerar os ganhos financeiros oriundos das provisões técnicas, apresentou uma margem positiva de R$ 52 milhões contra déficits de R$ 267 milhões e R$ 383 milhões em, respectivamente, 2004 e 2003.Considerando os números do semestre, mais o alcançado no segundo semestre de 2004, ajustados pelos crescimentos apurados em 2005, Castiglione projeta que o mercado segurador deverá atingir um volume de vendas em 2005 de R$ 62,6 bilhões, demonstrando um crescimento nominal de 7,7% e uma parcela de 3,24% do PIB, pouco menos que no ano passado. O setor de seguros, isolado, passará a representar 2,02% do PIB, ante 1,93% de 2004. (Monitor Mercantil)