O seguro rural deve ser visto como instrumento de política agrícola, diz reitor da Unicamp

O reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Tadeu Jorge,  sugeriu que as seguradoras ampliem as coberturas do seguro rural, estendendo-as para a fase de pós-colheita, o que daria uma evolução qualitativa ao agronegócio, assinalando que, ainda que sejam necessárias as garantias contra os riscos de perda de produção por fatores climáticos, o seguro rural pode se tornar um eficiente instrumento de política agrícola, olhando para toda a cadeia produtiva. A sugestão foi feita durante a palestra  magna “Panorama atual da agricultura brasileira e o desenvolvimento sustentável” por ele proferida na cerimônia de abertura do Seminário Risco e Gestão do Seguro Rural no Brasil, realizada nesta terça-feira, dia 24, em Campinas, com a presença de mais de  200 pessoas. O evento é um esforço conjunto de instituições do Governo e do setor privado de seguros, que tem por finalidade discutir a importância do seguro rural como um dos principais mecanismos de gestão de riscos para garantir a competitividade sustentável da agricultura no País. Além de Jorge Tadeu, participaram da mesa de abertura dos trabalhos, os seguintes representantes dos dois setores: Wellington Soares de Almeida (Secretaria de Política Agrícola do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abatecimento (MAPA), Carlos Alberto Trindade (Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e de Capitalização- Fenaseg e Federação Nacional de Seguros Gerais -  FenSeg), Silvio Crestana, (Embrapa), Carlos Alberto Basco (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA; Claudio Contador (Escola Nacional de Seguros - Funenseg), Luis Carlos Guedes Pinto (Agronegócio do Banco do Brasil). Na prática, a proposta  do reitor da Unicamp consiste em o seguro rural incorporar dispositivos para a indução ao uso de tecnologias para reduzir perdas ou desperdícios após a colheita da safra, por meio de prêmios menores para os segurados empenhados em adotar procedimentos como secagem de grãos ou, no caso de frutas e hortaliças, embalagens e armazenamento adequados. Jorge Tadeu define “perda como aquela situação em que não há disponibilidade tecnológica para evitá-la, e  desperdício como algo que ocorre, porque não se aplicam o conhecimento e tecnologias disponíveis. “É preciso entender o  seguro rural como um instrumento de política agrícola, que tenha impactos em outros pontos da cadeia produtiva. Identificar  riscos após a colheitas e tentar reduzir essas perdas, visto que há tecnologias para melhorar a eficácia”, assinalou. Conforme destacou, o combate ao desperdício e perdas de alimentos assume uma importância estratégica, à medida que o País aumenta a safra de grãos ano a ano.”Levando-se em conta que a safra de grãos já alcance a casa de 140 milhões de toneladas por ano e as perdas ou desperdício representem de 5% a 10% da colheita total, temos sete a 14 milhões de grãos perdidos por ano”,  complementou o reitor O combate ao desperdício pode ser uma boa alternativa para o País ocupar posições ainda mais expressivas no ranking dos exportadores de produtos agrícolas. Hoje, lembrou ele, o Brasil figura como o quarto maior do mundo, superado pela União Européia, Estados Unidos e Canadá. Contudo, como a taxa de expansão média dos canadenses é de 2,8% nos últimos 10 anos, e a do Brasil de 9,4%, é muito provável que o País supere o Canadá na lista dos maiores exportadores de produtos agrícolas nos próximos anos, trajetória essa que pode ser abreviada com o combate às perdas de alimentos após a colheita. (Fenaseg)