Consultório financeiro: As diferenças entre os planos de previdência PGBL e VGBL*

* O texto a seguir foi publicado na seção Consultório Financeiro, do jornal Valor Econômico.Estou pensando em aderir a um fundo de previdência privada e gostaria de saber qual é a diferença entre um PGBL e um VGBL. F.SRicardo Morais, CFP: Prezado, os dois tipos de fundos são instrumentos de previdência complementar e podem ser usados para planejar a sua aposentadoria. A principal diferença está na forma de tributação de cada um. O Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) possui a vantagem de permitir ao investidor deduzir as contribuições feitas ao plano da base de cálculo do imposto de renda. Essas deduções só podem ser feitas pelas pessoas que efetuam a declaração completa do IR e que, simultaneamente, contribuem para a previdência oficial. Este fundo é mais interessante para assalariados que têm o imposto retido na fonte pela entidade pagadora. As contribuições podem ser diferidas até o limite de 12% da renda bruta tributável anual do participante.Contudo, essa vantagem de dedução do PGBL não é relevante para aqueles contribuintes que não têm rendimentos tributáveis, como por exemplo, empresários cujos rendimentos advêm de distribuição do lucro das suas empresas. Para atender a esse público foi criado o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).O VGBL está enquadrado no ramo de seguro de vida com cobertura por sobrevivência, onde se forma uma reserva que será paga ao próprio segurado no futuro. Seu funcionamento é similar ao do PGBL e a principal diferença é que as contribuições não são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda.Em ambos, PGBL e VGBL, o rendimento da reserva é diário e funciona de forma semelhante a um fundo de investimento. No momento da contratação, escolhe-se o tipo de carteira de investimentos, como por exemplo: Referenciado DI (atrelados ao juro diário do CDI); Renda Fixa (ativos do mercado de renda fixa em geral) ou Compostos (composição feita com renda fixa e ações).Apesar das semelhanças entre os produtos existentes no mercado, alguns pontos-chave devem ser sempre observados antes da contratação, como por exemplo, a taxa de administração, o histórico de rentabilidade do gestor e a solidez da instituição, afinal este é um investimento para muitos anos.Outro ponto a ser considerado é a idade de entrada no plano e a idade em que se deseja começar a usufruir da renda. Quanto menor o tempo de contribuição, maior o valor que deve ser depositado no plano para a mesma renda desejada. Portanto é importante começar cedo. Mas, se você já passou dos 50, não desanime. Lembre-se da máxima: "é melhor algum do que nenhum".Estabeleça metas factíveis para a renda e a idade de aposentadoria que você deseja, como por exemplo, 80% da renda atual aos 65 anos. Faça os cálculos de forma conservadora, escolha um plano adequado ao seu perfil de investidor e ao tempo que contribuição - jovens podem aplicar em fundos mais agressivos - e inicie um plano de disciplina financeira mensal até a data da tão sonhada aposentadoria. Mesmo que você sinta um pouco de "dor" no caminho, ao chegar lá, verificará que valeu a pena.Agora que você já sabe quais são as diferenças entre um PGBL e um VGBL e o que deve considerar para contratar um plano, resta saber qual é o mais adequado para a sua situação. Se você não tiver direito a deduzir suas contribuições ao plano no imposto de renda, aplique em um VGBL. Caso contrário, a melhor opção é o PGBL. E se você puder guardar mais de 12% da sua renda bruta tributável, faça um PGBL até o limite dos 12% e o restante aplique em um VGBL. Assim você otimiza sua carga tributária e ainda garante uma aposentadoria mais tranquila.Ricardo Morais é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).Fonte: Clipp-Seg