Portal Viver Seguro entrevista: Marcus Clementino sobre o encontro que discute novos negócios para resseguros

Os grandes eventos esportivos e a área de infraestrutura de energia — as Olimpíadas de 2016 e o pré-sal são dois bons exemplos  garantem novas oportunidades de negócios para o mercado de resseguros do País. A fim de listar investimentos e oportunidades, a CNseg, Aber, e Abecor-Re promovem, nesta quinta-feira, dia 20, o I Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, no Hotel Sheraton-Leblon. Neste entrevista, o coordenador do I Encontro, Marcus Clementino, fala das expectativas do seminário no Rio.
 
Qual a relevância deste evento para o mercado brasileiro?
As duas apresentações de palestrantes brasileiros vão destacar os investimentos que serão feitos na exploração do pré-sal e nas Olimpíadas. Já as duas internacionais vão discutir os problemas na colocação do resseguro nestes tipos de riscos. São situações relevantes e bem concretas que o mercado estará enfrentando em futuro próximo, envolvendo riscos que necessitam especialização e valores muito altos. O resseguro apoia o desenvolvimento porque dá suporte às seguradoras que participarão destes riscos.
 
Como se dá, na prática, a contribuição do resseguro para eventos tão grandiosos como a Copa e as Olimpíadas?
No caso de eventos esportivos, as coberturas necessárias são bem diversas, cobrindo desde a construção de uma arena esportiva (estádio, piscina, etc.) até a possibilidade, mesmo que remota, do cancelamento do evento. A quantidade de pessoas participando destes eventos é muito grande, multiplicando a responsabilidade dos organizadores do evento.
 
Como entra o resseguro na questão do pré-sal?
Os valores envolvidos são muito grandes. No caso da P-36 (plataforma de petróleo) que sofreu um acidente há alguns anos, o valor segurado foi de US$ 500 milhões. Este valor foi indenizado pela seguradora líder, mas apenas 2% foi pago realmente pelo mercado brasileiro, incluindo neste percentual a parte do IRB, única resseguradora a operar no Brasil naquela época. Noventa e oito por cento deste valor veio do exterior como indenização de resseguro. A participação deste mercado é fundamental para o desenvolvimento nacional, dando capacidade para poderem ser seguradas plataformas que hoje, não raro, ultrapassam o valor de US$ 1 bilhão.
 
Qual a expectativa de crescimento deste setor para os próximos anos? No Brasil, o número de operadores é considerado excessivo, tendo em vista as locais, admitidas e eventuais?
Difícil de prever, porque depende de um número grande de fatores. O mercado de resseguros representa aproximadamente apenas 10% do mercado de seguros. Isto porque nosso mercado é dominado fortemente pelas carteiras de Saúde e Automóveis, que pouco têm necessidade de resseguro. No entanto, o mercado de resseguro cresceu 54% comparando o primeiro quadrimestre de 2011 com o mesmo período de 2010 (dados da Castiglione Consultoria). Isto, de fato, tem despertado o interesse das resseguradoras e também de investidores nacionais. Operando, além do IRB de 72 anos, temos outra operadora de investidores brasileiros, a Austral, que começou este ano e espera-se que, no início de 2012, comece a operar a Terra Brasis, também de investidores brasileiros. Mas, no meu entender, foi surpreendente o número de resseguradoras registradas em apenas três anos e meio de abertura. Da última vez que contei eram 8 locais, 29 admitidas e 56 eventuais (não consideradas as 10 inativas), totalizando 93 resseguradoras em operação no mercado brasileiro e crescendo a cada dia. E já sabemos quem teremos duas novas locais (uma delas já citada acima) em 2012. Do ponto de vista das seguradoras, quanto mais, melhor.
 
Como o mercado ressegurador é visto no exterior tendo em vista de que teremos neste encontro palestrantes internacionais?
É visto com grande interesse, não só pelo número de resseguradoras registradas na Susep, mas também por declarações delas mesmo. O Brasil, além de não ter catástrofes significativas, é a principal economia da região e este encontro pretende discutir os investimentos futuros no País. Os investimentos são protegidos por seguro e as seguradoras, pelo resseguro.
 
Por que a escolha do Rio de Janeiro como sede do I Encontro?
Basicamente porque aqui se encontram os órgãos patrocinadores do evento: a CNseg, a Aber, a AbecorRe e Funenseg. Aqui estão presentes também a Susep, todas as corretoras de resseguro, 6 resseguradoras e o Lloyds. Os temas deste encontro são intrinsecamente ligados ao Rio de Janeiro.
 
Qual a expectativa de participantes?
Entendo que sejam de diversas naturezas. Alguns apenas querem se informar sobre os investimentos; outros têm interesse nas apresentações mais técnicas; e outros em aproveitar a oportunidade para discutir alguns assuntos específicos com resseguradoras ou com as empresas que terão um local par receber os participantes.
 
Há intenção de se realizar outras edições do evento?
Esperamos, eu e os outros membros da comissão organizadora, que este seja o primeiro de uma longa série, sempre procurando casar os assuntos de interesse do mercado brasileiro com os temas das palestras.

Fonte: Portal Viver Seguro