Quatro etapas do Painel Mudanças Climáticas já foram realizadas

O SindsegSC iniciou a primeira etapa do Painel Mudanças Climáticas em Blumenau, no mês de setembro de 2010. Durante 2011, as cidades de Chapecó, Joinville e Criciúma também receberam o especialista no assunto, Dr. Juarês José Aumond.

Um dos objetivos da diretoria do SindsegSC, como entidade de classe, é levar informações e conhecimentos para a sociedade. “Este objetivo foi alcançado. As quatro etapas resultaram num público de mais de 1.100 pessoas, que com um tema tão importante quanto este, já denota a preocupação e o interesse de todos em transformar o mundo em um lugar melhor”, citou o presidente.

Durante as quatro etapas do Painel, várias perguntas foram realizadas. Abaixo algumas delas com respostas do palestrante.

Participante: Qual a sua opinião em relação às ações concretas dos países para reduzir a ação humana no efeito estufa? Elas existem?
Juares José Aumond: Sim, existem alguns países mais conscientes que já acionaram medidas concretas para adaptar a matriz energética no sentido de diminuir as emissões de gases de Efeito Estufa. A Alemanha e outros países de primeiro mundo tem adotado medidas fortes também na conservação de energia. As grandes corporações já direcionam suas tecnologias no mesmo sentido.

Participante: Estamos mais perto da diminuição, da continuidade ou do aumento dessas ações?
Juares José Aumond: Acredito que o aumento das ações serão irreversíveis, em função dos sinais e recados que a natureza dará, cada vez mais intensos e freqüentes. Eventos climáticos extremos com conseqüências sociais, ambientais e econômicas induzirão a sociedade a tomada de medidas concretas e objetivas na redução dos gases de Efeito Estufa.

Participante: Há rumores de que grandes potências mundiais teriam condições de criar catástrofes naturais para utilizá-las como armas de guerra. Até que ponto o senhor entende que isso é possível?
Juares José Aumond: Sabe-se hoje, que efetivamente algumas nações estão desenvolvendo tecnologias no sentido de acionar mecanismos naturais para provocar catástrofes ambientais. No entanto, a adoção deste tipo de arma rapidamente se voltaria contra as próprias nações que fariam uso delas. O desgaste político seria tão desproporcional que possíveis ganhos na disputa de território e recursos não compensariam. Por isso, não acredito no uso desse tipo de arma.

Participante: O incremento de grandes plantações de eucaliptos em território brasileiro para a produção de celulose, nos últimos anos, podem provocar a aceleração do aquecimento global? E, quais as vantagens e/ou desvantagens para a nossa economia, bem com para o meio ambiente?

Juares José Aumond: O cultivo de eucalipto não altera o aquecimento global. Como qualquer planta nativa ou exótico para a realização da fotossíntese ela seqüestra CO2 para elaboração dos açucares, portanto o cultivo reduz os gases de Efeito Estufa. Acontece que as nossas condições climáticas (chuva, solos, radiação solar) são favoráveis à fotossíntese e por isso a nossa produtividade do verde é de 4 à 7 vezes mais rápida que nos países de primeiro mundo (de clima temperado).

Participante: Conforme visto, as emissões de CO2 aumentaram nos últimos 100 anos, resultantes principalmente da queima de combustíveis fósseis. Qual seria uma forma de nova matriz energética, em sua opinião, levando em consideração os impactos ambientais que estas acusam? O senhor tem encontrado respaldo político para a busca de soluções capazes de minimizar o efeito estufa. Ocorrem hoje investimentos nesse campo?

Juares José Aumond: Nos últimos 650 mil anos o CO2 manteve-se em 290 PPM na atmosfera. Em 2008 já estávamos em 390 PPM e estamos aumentando a base de 2 PPM por ano devido ao uso de combustíveis fósseis e desmatamento. O uso da Bioenergia é uma das alternativas. Por exemplo, o etanol é produzido a partir da cana. No cultivo da cana para a realização da fotossíntese ela seqüestra o CO2, compensando dessa forma a liberação de CO2 da queima. E, isso vale para todos os tipos de biocombustíveis, como cavaco de madeira para caldeiras, óleo da mamona etc. A outra alternativa, é o desenvolvimento de tecnologias para aproveitamento mais eficaz da energia eólica, energia solar, energia das marés e assim por diante. As políticas públicas só respondem às necessidades quando pressionada pela sociedade. Por isso, antes, a sociedade como um todo tem que estar esclarecida para exercer a cidadania e pressionar os políticos.

Com referência a investimentos veja a resposta a primeira pergunta desse texto.

Geólogo Juarês José Aumond | Fundação Universidade Regional de Blumenau/Mestrado de Eng. Ambiental | Mestrado em Desenvolvimento Regional | Departamento de Ciências Naturais | Reg. CREA 6125-D/Visto 4085-1 | Msc. Geografia – Reg. 134 | Dr. Eng. Civil-Reg. 356



Fonte: SindsegSC