O difícil equilíbrio entre custos e receitas

A última edição do suplemento Valor Setorial, do Jornal Valor Econômico, publicou uma longa reportagem abordando, conforme o título, “O difícil equilíbrio estre custos e receitas” nos planos de saúde.

Devido à desaceleração do crescimento do número de beneficiários, que caiu de 5%, 6%, nos últimos cinco anos, para 2,7% entre 2012 e 2013; ao aumento dos custos médicos com a incorporação de novas tecnologias e procedimentos; à maior procura per capta por exames e consultas e ao envelhecimento da população, os índices de sinistralidade chegam a quase 90% atualmente. Em 2012, a receita proveniente das mensalidades foi de R$ 97 bilhões, enquanto as despesas ultrapassaram esse valor em R$ 1 bilhão.

Frente a esse cenário, as operadoras buscam diferentes estratégias para manterem-se competitivas. Enquanto a Unimed aposta na verticalização das operações, com a construção de hospitais, laboratórios e pronto-atendimentos próprios, a Bradesco Saúde e a Mediservice investem nos planos coletivos voltados para as pequenas e médias empresas, que crescem a uma taxa bem acima da média, além de aumentarem o rol de serviços prestados. De acordo com o presidente da Bradesco Saúde, Mediservice e FenaSaúde, Marcio Coriolano, a receita para crescer num cenário de taxas de expansão reduzida passa pela adoção de programas que levem à diminuição de riscos de suas operações e de melhor negociação com os prestadores de serviço. Assim, uma boa gestão médica, principalmente de doenças crônicas, de cirurgias cardíacas e ortopédicas, de uso de novos medicamentos e de promoção de hábitos de vida saudável, são fundamentais. Os programas de monitoramento de doentes crônicos e de envelhecimento saudável da SulAmérica, por exemplo, conseguiram reduzir em 15% o número de internações dos envolvidos, bem como reduziram em 83% o número dos que estavam com colesterol alto e em 51% os acima do peso.

Outra estratégia utilizada pelas operadoras, particularmente pelas autogestões, é a expansão da área de abrangência, buscando clientes fora dos grandes centros, além de direcionarem esforços para a reorganização de processos administrativos, readequação de produtos e realinhamento de condutas com parceiros comerciais.
A saúde financeira do sistema, de acordo com o diretor-executivo da FenaSaúde, José Cechin, também é afetada pelo índices e reajuste concedidos pela agência reguladora, a ANS, para os planos individuais-familiares, que, apesar de terem ficado acima do IPCA nos últimos anos, foram bem abaixo dos custos médicos-hospitalares. “Amostra realizada com 200 mil beneficiários indica que o reajuste foi de 16,4% no ano, enquanto as despesas cresceram praticamente o dobro”, informou Cechin. 

Fonte: CNseg