Carlos Nobre propõe parceria público-privada com setor de seguros

Reconhecendo o mercado segurador como um aliado importante para mitigar o potencial de perdas das intempéries climáticas, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, propôs a criação de parcerias público-privadas (PPPs) com o setor.

Como exemplo, ele sugeriu uma aproximação do mercado da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Ele acredita que a parceria com a Embrapii pode ser um passo importante para o mercado dispor de inovações tecnológicas que viabilizem sua atuação mais proativa nos riscos envolvendo as mudanças climáticas. Segundo ele, a execução de projetos e pesquisas no âmbito recebe um terço dos recursos do Governo Federal, outro um terço fica a cargo do setor envolvido e os demais são oriundos de outras fontes. “Enfim, estamos abertos a ouvir e desenhar sistemas que atendam à indústria de seguros nessa área”, afirmou ele durante o seminário “Mudanças climáticas e desastres naturais no Brasil – desafios e oportunidades para o setor de seguros”, organizado pela Academia Brasileira de Ciências e Associação de Genebra, com apoio da CNseg, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira.

Segundo ele, “o governo começou a adotar atitudes preventivas e não mais reativas para reduzir os efeitos de desastres naturais no País. Entre os exemplos, citou a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), em julho de 2011, órgão responsável por gerenciar as informações emitidas por radares, pluviômetros e previsões climáticas.” O foco do plano do governo é salvar vidas. A nova postura do governo, de prevenção, é um elemento que muda a estrutura básica da indústria de seguros”, afirmou, ao destacar que as informações geradas pelo Cemaden podem ser usadas pelo setor.

Na esfera governamental, Nobre assinalou que o Brasil já iniciou o debate para a adoção de medidas com visão de longo prazo tendo em vista as adaptações necessárias às mudanças climáticas, por entender que tal procedimento oferece mais economia para o país. Segundo ele, estudos da Universidade de São Paulo (USP) apontam que, somente em São Paulo, as perdas com inundações chegam a R$ 750 milhões por ano.

“No Brasil ainda estamos criando resiliência aos extremos climáticos de hoje, mas não é o nível adequado de adaptação. O país precisa de políticas públicas de longo prazo”, disse, acrescentando que pesquisas demonstram que chuvas intensas vão ocorrer com mais frequência no futuro.

De acordo com o secretário, o Brasil é um país “mediamente vulnerável” às mudanças climáticas. As áreas de maior risco são as do Semiárido e as cidades, especialmente as de grande porte, em função da frequência de eventos extremos de chuva e seca. A seu ver, o desafio é buscar uma adaptação das atividades do país às mudanças climáticas, inclusive no agronegócio, que deveria investir em monitoramento de risco de safra. “Sistema de monitoramento de risco ambiental deve ser visto como investimento e não como custo”.

Fonte: CNseg