Quem te segura?

O mercado brasileiro de seguros continua avançando a um ritmo chinês de dois dígitos ao ano, embora tenha perdido levemente o fôlego em 2013 ao registrar um aumento de 13,2% em relação aos 14% de expansão em 2012. No ano passado, o setor – formado pelos segmentos de seguros gerais, pessoais, previdência aberta complementar, capitalização e saúde suplementar – movimentou R$ 286,7 bilhões e alcançou a inédita marca de 5,9% de participação no Produto Interno Bruto (PIB). “Continuamos crescendo de forma acelerada. Em 1990, o setor representava apenas 2% do PIB”, diz Marco Antonio Rossi, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNseg) e da Bradesco Seguros.

Segundo Rossi, a mudança nas regras da previdência privada desacelerou o crescimento do setor, o que reduziu o crescimento da indústria como um todo. Em janeiro do ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) determinou que os gestores trocassem aplicações de curto prazo indexadas à Selic por papéis de longo prazo. Esse alongamento reduziu a demanda, especialmente a dos investidores que usavam a previdência como uma aplicação de curto prazo. Em 2013, segundo a consultoria Siscorp, a previdência privada cresceu 10,6%, resultado bem abaixo da média de 25% dos anos anteriores. Enquanto isso, o mercado oferece novos produtos, que protegem contra ataques cibernéticos, oferecem planos de saúde e auxílio funeral para cães e gatos, além de seguros ambientais e de responsabilidade civil, entre outros.

A bola da vez são os massificados, apólices mais simples e baratas, voltadas para a população de baixa renda. Rossi, que assumiu a presidência da CNseg em maio, diz que uma de suas principais tarefas é avançar com a massificação. “É preciso simplificar os contratos e avançar com mais agressividade nas classes C e D”, diz ele. Comandada por Rossi, a Bradesco Seguros, que faturou R$ 50 bilhões em 2013, crescimento de 12,3% ante 2012, segue pelo mesmo caminho. Para 2014, o foco estratégico são os massificados direcionados para pessoas físicas e pequenas e médias empresas, instrumento usado pela Bradesco Seguros para fomentar a cultura do seguro e trazer novos clientes ao mercado.

Atualmente, mais de 40% dos segurados pertencem à nova classe C. No ramo saúde, a carteira de pequenas e médias empresas cresceu 44% em volume e 41% em faturamento. O seguro residencial cresceu 13,7% e manteve a liderança do grupo nesse mercado. A AIG Seguros, cujo faturamento cresceu de R$ 275 milhões em prêmios em 2012 para R$ 333 milhões em 2013, aposta na pessoa física e em novos produtos em 2014, diz Fábio Cabral, diretor de grandes riscos. A Copa do Mundo também ajudará nos negócios. “O seguro é necessário já na fase de licitações das obras para a Copa, durante a construção e durante a operação desses bens”, diz Cabral. Mesmo empresas e pessoas cuja ligação com a Copa é indireta subscrevem seguros.

Para Eduardo Takahashi, diretor-executivo da corretora Marsh Brasil, além da Copa, a concessão de rodovias, aeroportos e ferrovias deve ser olhada com atenção. Os seguros pessoais deve manter o ritmo. No acumulado até novembro de 2013, segundo a Fenaprevi, esse ramo arrecadou R$ 23,5 bilhões em prêmios, avanço de 17,96% ante 2012. O Itaú Unibanco vai reforçar a atuação nesse segmento e pretende se firmar na venda de apólices de vida, residenciais e de acidentes pessoais na rede de agências, atividade conhecida como bancassurance. “Vamos utilizar nossa rede de relacionamento e parcerias no varejo”, diz Fernando Teles, diretor da área de seguros do banco.

O crescimento de 19,4% das receitas de seguros, previdência e capitalização em 2013 superou as estimativas (entre 15% e 18%). No segmento automotivo, a receita da líder Porto Seguro subiu 15,4% no quarto trimestre de 2013 ante o mesmo período de 2012, totalizando R$ 3,719 bilhões. Além disso, a frota segurada da companhia cresceu aproximadamente 400 mil unidades no ano. O destaque foi o lucro líquido, que quase quadruplicou, totalizando R$ 932,8 milhões. O bom resultado foi impulsionado por ganho de causa tributária, pelo crescimento das receitas e pela expansão na área de seguro de automóveis. A frota segurada da companhia cresceu aproximadamente 400 mil unidades no ano.

Fonte: CQCS | IstoÉ Dinheiro