Benefícios corporativos vão da saúde à educação

Dispostas a aumentar a satisfação dos profissionais no ambiente de trabalho, as empresas brasileiras investem cada vez mais em benefícios para os funcionários, com plano de saúde, assistência odontológica, seguro de vida, plano de previdência complementar, planejamento financeiro e até programa de academias. 

Segundo uma pesquisa feita no primeiro semestre do ano passado com 250 empregadores pela MetLife, seguradora especializada em benefícios corporativos, melhorar a produtividade dos trabalhadores é um dos principais objetivos na mira das companhias no Brasil 85% dos gestores dizem que a oferta de benefícios está ligada ao esforço em melhorar os resultados da empresa. Outra preocupação é o controle de custos com seguro saúde, apontando por 82% dos empregadores como fator preponderante para oferta de benefícios. A retenção de talentos também foi citada por 80% dos entrevistados.

‘’Virou regra do jogo, as empresas precisam ter benefícios’’, enfatiza Bruno, consultor  sênior da Mercer Marsh, especializada em benefícios corporativos. O envelhecimento populacional tem trazido mais desafios às companhias, diz. ‘’Antes as pessoas saíam com 55 ou 60 anos. Hoje a tendência é que permaneçam mais tempos nas empresas’’. Programas de prevenção a doenças crônicas, ginástica laboral e incentivos a praticar exercícios físicos são estímulos, segundo os especialistas. ‘’Quando isso é colocado no ambiente de trabalho, as pessoas tendem a se preocupar mais com a saúde’’, afirma Luciana Silveira, diretora executiva da Associação Nacional das Administradoras de benefícios (Anab), que reúne administradoras de planos de saúde coletivos, Para Rnato Velloso, diretor da área empresarial da administradora de benefícios de saúde Qualicorp, o encarecimento da medicina faz com que as empresas incluam os planos na cesta de benefícios.

Outro tipo de benefício que tem ganhado espaço nas companhias é o plano de custeio de mensalidades em academias. Criado há dois anos, o programa GymPass oferece acesso a 2.600 academias em 200 cidades. Entre os clientes do serviço estão seguradoras, como a Tokio Marine em sua operação em São Paulo, e consultorias, como a PricewaterhouseCoopers (PwC). Os pacotes, que podem ser segmentados por tipo de cargo ou região, funcionam no modelo de coparticipação, com contribuições mensais dos trabalhadores e da organização. De acordo com o diretor corporativo do GymPass, Thiago Pessoa, algumas empresas já começam a enxergar redução de custos com plano de saúde. ‘’A rotatividade também diminuiu’’, constata. No médico e longo prazo, diz, outros resultados devem aparecer, entre eles, o impacto positivo na produtividade dos profissionais.

Os benefícios corporativos não se restringem à saúde e ao bem-estar. Programas de educação financeira nas organizações orientam os trabalhadores desde o uso do crédito até a importância do planejamento para aposentadoria. Conforme o estudo de 2013 da MetLife, 69% das empresas ouvidas dizem querer ‘’ajudar os funcionários a tomar as melhores decisões financeiras’’, aumento de 12 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, de 2011. ‘’Em muitas companhias, há distribuição de materiais sobre previdência, assim como oferta com custeio parcial de outros tipos de seguro além do seguro de vida, com assistências específicas para mulheres e veículos’’, diz João Levandowski, superintendente da MetLife.

O chamado estresse financeiro já foi apontado por alguns levantamentos como um dos fatores prejudiciais ao desempenho. Contas em atraso, nome sujo, e outras preocupações com o

dinheiro provocam esse comportamento. Segundo o estudo ‘’Financial Wellness Survey’’, realizado pela PwC em 2013 com 1.600 pessoas nos Estados Unidos, 52% dos empregados enfrentaram pelo menos uma situação financeira estressante, e 23% dos entrevistados disseram que pensam nos problemas financeiros durante o expediente. No Brasil, a Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) desenvolveu o principal levantamento sobre o assunto em 2008 com 135 funcionários da faculdade. De acordo com os resultados obtidos, 10% dos funcionários tinham ‘’altíssimo estresse financeiro’’ e 32% foram classificados com ‘’alto estresse’’. Foram coletadas notas dadas pelos entrevistados de 0 (baixo estresse) a 10 (altíssimo estresse financeiro) para chegar aos percentuais.

A formação profissional também entra no leque de benefícios, segundo Levandowski, da MetLife.

‘’A educação não entra só no formato de incentivos financeiros para cursos de especialização, mas também treinamentos in company, principalmente com foco em liderança da companhia’’, observa. Independentemente do ramo, a tendência é a maior oferta de benefícios como diferencial para atrair novos funcionários e manter os talentos na empresa. ‘’Não tem uma distinção, o que existem são desenhos diferentes conforme o setor’’, destaca Francisco Bruno, da Mercer Marsh. (DM)

Fonte: Valor Econômico