Cuidado com as enchentes

Se nos dois últimos anos a falta de chuva foi motivo de preocupação e causa de prejuízos para a população brasileira, em 2016 está acontecendo exatamente o oposto. Chuvas acima da média esperada para esta época do ano estão dando dor de cabeça para o cidadão.

Um dos problemas mais comuns vindos com a chuva são as enchentes, cujos prejuízos são magnificados por inúmeros fatores como ocupação de áreas urbanas feita de maneira desordenada, o lixo jogado nas ruas pelos próprios cidadãos e infraestrutura inadequada das cidades.

Com chuvas torrenciais, os motoristas precisam tomar cuidado com este risco, já que durante um temporal, um motorista que fica preso em um engarrafamento pode se ver ilhado em poucos minutos e, tendo seu carro invadido pelas águas, a perda pode ser grande.

Felizmente, a cobertura contra enchentes que causem submersão total ou parcial do veículo está inclusa em todas as apólices de seguro de automóveis completas ou “compreensivas” – que incluem ainda danos praticados por terceiros, vendaval, terremoto, roubo, colisão, incêndio etc. Quem dá a boa notícia é o Diretor Executivo de Sinistros da Allianz Seguros, Laur Diuri.

“Essa proteção é uma exigência da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para os pacotes de seguro de automóveis completos desde 2004”, explica Diuri.

No entanto, quando o consumidor contrata este seguro, é importante estar atento a todos os detalhes do contrato, incluindo as cláusulas de exclusão. “O seguro contra alagamento cobre apenas submersão do carro em água doce (chuvas, rios que transbordam etc.), não cobrindo alagamento por água salgada (do mar, por exemplo)”, diz. Logo, os danos causados nos automóveis por ressacas que inundam garagens perto das praias não estão cobertos.

Além disso, a apólice restrita de seguro de automóveis – que cobre apenas os riscos de raio, incêndio, explosão e roubo ou furto – não garante indenização para alagamentos e enchentes de qualquer natureza.

Tem conserto?

Muita gente se pergunta, quando tem o carro atingido por uma enchente, se os prejuízos causados ao carro podem ser revertidos ou se são permanentes, o que seria a tão temida “perda total.” Na verdade, Diuri explica que neste caso as seguradoras não costumam considerar o caso de perda total, porque, tecnicamente, o veículo ainda pode ser recuperado, mesmo que os danos tenham sido graves.

“Se o nível da água durante um alagamento ultrapassa o painel do veículo, consideramos que o segurado terá direito a uma ‘indenização integral, já que os danos causados pelo contato da água com as partes elétricas do veículo, estofamento e até o airbag fazem com que a recuperação tenha custo elevado e, caso não seja bem feita, pode trazer problemas futuros”, afirma.

Após uma avaliação mecânica feita por um especialista, é hora de avaliar a relação custo x benefício do conserto. Segundo Diuri, “considera-se que ainda vale a pena o conserto do veículo quando o valor do reparo não ultrapassa 75% do preço do automóvel”.

Os reparos mais comuns para casos de enchentes são a troca dos filtros e higienização do veículo, em casos mais simples. “Se a água atingir o banco do veículo, será necessária a troca de estofamento e itens mecânicos. Pode haver a necessidade de troca dos carpetes e, caso o motor aspire a água do alagamento, o que chamamos de calço hidráulico, pode ser que o motor inteiro tenha que ser substituído”, complementa.

Além disso, algumas atitudes do motorista podem fazer com que o seguro não cubra o caso de alagamento. É o que acontece quando um motorista tenta, deliberadamente, atravessar uma área alagada com seu veículo, assumindo a responsabilidade pela possível submersão do carro. É o chamado “agravo de sinistro”. No entanto, é bem difícil comprovar que o segurado foi o responsável por este agravo intencional.

“Outro fator que pode impedir a cobertura do sinistro é não entrar em contato diretamente com a seguradora, contratando guincho ou serviços de limpeza particulares ou mesmo a inexatidão ou omissão nas declarações no ato do contrato da apólice”, ressalta Diuri.

Dicas para proceder em caso de enchentes e se o carro for alagado

- Fique atento às notícias sobre pontos de alagamentos, antes de sair de casa. O rádio no carro ou a televisão são grandes aliados.

- Nos dias com chuvas intensas, evite circular por trechos com histórico de risco de alagamento.

- Se conseguir identificar que a altura da água ultrapassará o centro da roda, não tente atravessar o alagamento. Quando não for possível ver a profundidade, o risco do carro cair em um buraco, parar ou até mesmo ficar submerso é grande.

- Ao dirigir em trechos alagados, mantenha a marcha reduzida, a velocidade baixa, com rotação constante em torno de 2.500 RPM. Isso melhora a aderência e a dirigibilidade do veículo.

- Se o carro apresentar aumento de esforço ao esterçar, anomalias das luzes de injeção eletrônica, bateria e ABS, além de variação na luminosidade do painel, mantenha a calma, redobre a atenção e desligue os equipamentos que não forem essenciais. Se alguma destas situações persistirem, encaminhe o veículo para uma revisão.

- Ao apresentar sinais de alagamento, não dê a partida e procure removê-lo até uma oficina. Isso reduz o risco de danificar o motor.

- Em veículos que sofrem danos por alagamento é necessário fazer uma revisão completa, ou seja, a verificação de todos componentes eletrônicos e mecânicos. Faça a troca do óleo e filtros, assim como a limpeza imediata do veículo, para não danificar estofamentos e carpete. O veículo pode não apresentar defeito no momento do alagamento, mas o contato da água com componentes eletroeletrônicos pode gerar posterior anomalia, com a oxidação das peças.

- Verifique também o estado do óleo da transmissão, dos eixos diferenciais e do cânister, dispositivo que reduz a emissão de hidrocarbonetos dos tanques de combustível. Eles podem ter a vida útil reduzida e aumentar o risco de falhas na embreagem, suspensão e freios.

- É indicado também ao proprietário que faça uma limpeza do sistema de ventilação do veículo, que pode estar contaminado por fungos e bactérias.

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