Ferramenta ajuda a calcular impacto de secas em inadimplência a empréstimos bancários

Instituições financeiras internacionais e especialistas em questões ambientais de diversas partes do mundo se associaram para desenvolver um projeto que visa desenvolver um conjunto de testes de estresse de risco ambiental para medir a qualidade de crédito dos empréstimos bancários.

O “instrumento de teste de estresse financeiro devido à seca" permitirá que as instituições financeiras melhor entendam como a inclusão de contextos de seca alteram a percepção de risco em suas próprias carteiras de crédito. Baseado na estrutura de catástrofes que as seguradoras usam há 25 anos, este instrumento analisa cinco casos de secas que ocorreram em quatro países: Brasil, China, México e Estados Unidos, a fim de modelar o impacto sobre empresas de 19 setores econômicos distintos e a probabilidade dessas empresas não conseguirem pagar os seus empréstimos.

Um novo relatório intitulado: "Teste de estresse financeiro devido à seca: como aumentar a capacidade de resistência e recuperação das instituições financeiras e tratar os riscos ambientais" mostra o instrumento em ação, realizando um teste de estresse financeiro piloto com uma amostra selecionada de carteiras de empréstimos comerciais, provenientes de nove instituições financeiras internacionais. São elas: Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Santander Brasil, Banorte, Citibanamex, Fundos Fiduciários para o Desenvolvimento Rural (FIRA), Citigroup, UBS e Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), que juntas possuem mais de 10 trilhões de dólares em ativos.

Entre as principais conclusões do relatório incluem o seguinte:

  • Secas extremas podem aumentar em dez vezes as perdas e a inadimplência nas carteiras mais expostas aos efeitos da seca.
  • A maioria das empresas analisadas vê os ratings de crédito de suas carteiras em claro declínio, mesmo quando em contextos menos afetados pela seca extrema.
  • Os setores mais afetados são o de abastecimento de água, de agricultura e os de países que dependem fortemente de energia hidrelétrica.
  • Setores de produção de alimentos e bebidas também sofrem impactos significativos devido à forte dependência de água.
  • Os setores que não dependem tanto de água, mas que são muito suscetíveis à força da economia, como de refino de petróleo, também são afetados pelos impactos econômicos mais amplos da seca.

Em sua totalidade, os diretores das instituições financeiras envolvidas no estudo mencionaram em seus depoimentos que fazer parte deste piloto foi uma excelente oportunidade para promover mais esta agenda e melhorar a compreensão dos potenciais impactos das secas em seus negócios.

Fonte: CNseg