Mercado deve aprimorar as ações de gerenciamento de riscos e atuários têm muito a contribuir

"Nunca fiz tanta reunião com operadoras sobre o modelo próprio de capital de risco, como agora. Há um entendimento dessa necessidade, o que demonstra que estamos amadurecendo". A afirmação foi feita pelo gerente de Habilitação, Atuária e Estudos de Mercado da ANS, Washington Oliveira Alves, no painel “Avaliação dos Modelos de Solvência no Mercado de Saúde Suplementar”, no 5º Encontro Nacional de Atuários, que acontece paralelamente à 8ª CONSEGURO, no Rio.

Segundo ele, a agência estimula a adoção de modelos próprios e vê com “bons olhos” ações que visam a melhorar a gestão do risco. Nesse contexto, Alves credita um papel preponderante para os atuários, principalmente na “conversa com diretores de operadoras que têm ideias ousadas”.

O gerente da ANS ressaltou, contudo, que o “processo de amadurecimento” deve ser concluído rapidamente, pois, até 2022, as operadoras terão que estar 100% adequadas às regras de margem de solvência, que vêm sendo implementadas gradualmente.

Contudo, mesmo antes do final desse prazo, a agência vai editar nova regulamentação para riscos de subscrição, a qual já foi colocada, inclusive, em consulta pública. “Queremos chegar a algo bem próximo ao modelo regulatório de capital baseado em risco”, frisou, acrescentando que, no futuro, virão normas para riscos de crédito e outros mais.

Para ele, há gargalos a corrigir, como o fato de a maior parte das operadoras sequer ter uma área de gerenciamento de riscos.

Alves observou que, para obter melhores resultados no gerenciamento de riscos, a ANS incentiva a massificação das carteiras. Para tanto, a agência não vai criar empecilhos para quem decidir sair do mercado, repassando suas carteiras para outros grupos.

Coube ao professor adjunto da UERJ, William Moreira Lima Neto, apresentar a palestra sobre o tema central do painel, na qual demonstrou a importância de todo o mercado abraçar a ideia de aprimorar o gerenciamento de riscos. “Isso beneficia toda a sociedade”, comentou.

Para ele, é fundamental monitorar constantemente os riscos futuros e adotar um modelo de análise de riscos que englobe a projeção dos cenários nas linhas de negócios, o fluxo de caixa, a distribuição dos retornos oferecidos pelo negócio, a posterior revisão e, por fim, a decisão. “A maioria das pessoas olha o risco como uma medida de sinistralidade. Mas, isso é um erro. É preciso haver uma avaliação mais ampla”, alertou.

O professor acentuou ainda que os fatores de tolerância ao risco da corporação estão associados ao tamanho do grupo, dos recursos financeiros disponíveis e da habilidade ou da boa vontade em tolerar riscos.

Ele apontou o risco de subscrição como objeto de negócio das seguradoras e que deve ter como pilares os riscos de precificação, provisão, crédito, de mercado, etc.

Na opinião do professor, no caso específico do risco de precificação, é essencial partir de modelos já existentes e é importante agregar a dependência temporal, pois a empresa sempre vai trabalhar com projeções.

Ele observou também que o modelo interno deve estar alinhado com o processo de negócios da companhia, pois cada operadora tem critérios próprios de apropriação dos seus custos e receitas, nem sempre orientados com base no risco.

O painel teve como moderador o diretor de Compliance, Riscos e Atuária da SulAmérica, Reinaldo Amorim, segundo o qual há uma grande preocupação com a necessidade de adoção dos modelos internos de capital baseado em risco. “Isso é urgente e vital. Mas, é preciso ser cauteloso, pois requer complexidades que nem todo o mercado consegue atender”. Ele lembrou que, na Europa, há alguns anos, houve uma “onde de modelos internos”. Porém, poucas companhias se candidataram”, salientou.

Fonte: CNseg