Seguro auto: mercado precisa colocar as ideias em prática

20° Congresso dos Corretores – Durante muito tempo o foco principal de atenção do mercado de seguros, a carteira de automóvel passa por dificuldades e bruscas mudanças. Por isso, o tema foi relevante para ser discutido pelos players do setor durante o Congresso.

Maria filomela Branquinho, presidente do Sincor-MG, foi a mediadora do painel sobre os desafios do seguro de automóvel – que tratou sobre o temido seguro pirata e a era digital.

“Esse é um momento que nós do mercado de seguros nunca experimentamos Já houve instabilidade, mas nunca uma queda tão significativa como a dos últimos dois anos”, foi o que afirmou Murilo Riedel, presidente da HDI Seguros e painelista. Ele se referiu a uma queda de mais de 45% no mercado doméstico de automóveis. Para ele, é preciso adaptar a venda de seguros às novas condições dos automóveis e segurar carros mais antigos. “Até 2020 teremos uma importante estagnação de frota”, alertou. Ao mesmo tempo, ele acredita que algumas variáveis deverão ajudar nessa empreitada, como aumento de crédito e renda.

Riedel ressaltou a necessidade dos corretores ajudarem seguradores a inovar nos produtos oferecidos, e de que o órgão regulador coloque regras compatíveis com o restante do mundo. ” Os corretores precisam apoiar as seguradoras a promover essas discussões. Os produtos das seguradoras e as estratégias de venda do consumidor não estão consoantes com essa frota que envelhece, mas os clientes estão aqui e precisamos resolver essa equação”, pontuou.

As mudanças acontecerão e o mercado não pode se recusar a ver isso. O setor mudou e continuará mudando, mas as práticas não mudaram.

Na prática 

Luiz Gutierrez, presidente do Grupo Segurador BB e Mapfre, lembrou que essa é a primeira geração que precisa atender a cinco gerações diferentes, com distintas particularidades. “Temos pessoas que compraram por internet, outras presencialmente ou híbridos.”

Telemetria, conectabilidade, carros autônomos: tudo isso está há muito tempo rondando o mercado. São tecnologias que deverão diminuir o índice de sinistros e mudar a maneira como o segmento Auto é observado. “Quantas vezes vocês escutaram sobre isso, e o que fizeram a respeito?”, provocou Gutiérrez. Assertividade, como o big data, por exemplo, que é utilizado para saber as necessidades do cliente. “Estamos aqui para reagir, temos expertise, conhecimento, podemos ajudar vocês [corretores] e estar com nossos clientes, porque senão outros estarão”, completou.

Investimentos das companhias

Eduardo dal Ri, vice-presidente de Auto e Massificados da SulAmérica, acredita que hoje as seguradoras estão trabalhando mais próximas ao corretor, deixando-o mais livre para que ele realize suas vendas. Ele também destacou que as seguradoras estão muito mais inovadoras do que se percebe no mercado – inclusive utilizando inteligência artificial para atender os corretores. “As seguradoras estão trabalhando muito para ser um mercado da disruptividade”, ressaltou.

Uma das coisas que estão sendo aproveitadas é a telemetria, que ajudará as seguradoras a serem mais justas em relação à precificação do seguro Auto. Será possível que perfis com a mesma idade e estilo de vida sejam diferenciados, propriamente, pela maneira como conduzem o veículo. “A forma como se precificava há dez anos, mesmo que não pareça, está completamente diferente, seja pelas variáveis ou pelas informações que buscamos sobre o comportamento do cliente”, argumentou.

Os seguros diferentes, desde o popular até os mais tradicionais, Dal Ri vê como exemplo do empenho das companhias e buscam atender o cliente dentro de suas exigências.

Luiz Pomarole, diretor geral da Porto Seguro, destacou o Seguro Auto Popular e os obstáculos que impedem as seguradoras de lançá-lo, já que apenas três companhias o fizeram até então.

A lei do uso de peças usadas onerado brasileiro foi aceita em 2014, justamente para tirar dos desmanches ilegais o uso dessas peças. Posteriormente, por insuficiência das peças.

Portanto, o que precisa ser feito? Ter uma rede de oficinas capaz de atender todo mundo para esse produto, carros baixo de cinco anos e esclarecimentos quanto às peças do mercado alternativo são algumas das soluções propostas por Pomarole para que não haja judicialização. Segundo ele, o texto precisa ser mais claro. O executivo também acredita que, no seguro popular, o produto deve ser mais flexível.

Para todos

Mudanças para o mercado de seguros de automóvel são discutidas há anos. Agora, é a hora de colocar as ideias em prática.

O seguro popular também é a esperança de combater a proteção veicular. José Adalberto Ferrara, presidente da Tokio Marine, afirmou que 72% dos clientes que compram o Seguro Auto Popular são novos consumidores de seguros.

Ferrara ressaltou ainda que os corretores são e continuarão sendo o principal canal de distribuição dos seguros, alegando que a companhia não tem planos de vender nenhum tipo de seguro diretamente.

João Francisco Borges, membro do conselho da HDI Seguros, falou sobre a capacidade de recuperação das companhias de seguro no mercado brasileiro.

Os problemas econômicos e de segurança pública brasileiros levaram as companhias a se readaptar, ainda que com aumento de prêmios e restrições. “Isso cria um cenário propício para o crescimento dos vendedores de falsas ilusões, querendo até se legalizar”, afirmou Borges sobre as proteções veiculares. Para ele, essas associações ilegais mexem com a economia popular porque não têm a solvência e gestão de recursos utilizados pelas companhias seguradoras. Isso coloca em risco a atividade de seguro como um todo. “Nós levamos anos para construir isso. Não foi de graça”, ressaltou Borges.

Fonte: Revista Apólice