Seguro não é um mal necessário

A pandemia atestou que seguro não é um mal necessário. A afirmação foi feita pelo presidente da Bradesco Vida e Previdência, Jorge Pohlmann Nasser, ao participar, nesta quinta-feira (17), da última edição de 2020 do “CQCS inovação”, ao lado do head da Vertical Seguros na TransUnion, Rafael Quintana. Segundo Nasser, há um relevante papel social do mercado. “O brasileiro aprendeu com a dor e o choque de realidade e passou a priorizar a proteção da família. A gente percebe que há uma procura bem maior por informações sobre como funciona o seguro. Então, precisamos falar não apenas sobre a cobertura por morte, mas do seguro de pessoas como um todo, a perda de renda, diárias hospitalares e todo tipo de cobertura para um momento de dificuldades”, acrescentou o executivo.

O programa, mediado pelo fundador do CQCS, Gustavo Doria Filho, discutiu o tema “Desafios da distribuição do Seguro de Pessoas para 2021”.

No bate papo, Nasser assinalou ainda que o “vendedor de seguro morreu de Covid” e que, portanto, não há mais espaço para esse tipo de profissional. “Agora, temos espaço apenas para o consultor de seguros, que não tem receio do digital e investe na qualificação”, salientou.

Para o presidente da Bradesco Vida e Previdência, o mercado “escancarou”, na pandemia, a oportunidade para falar sobre o seguro como uma relevante proteção para toda a família e de garantia patrimonial, na ausência do provedor. Nesse contexto, é importante também explicar que, na prática, o seguro é o “patrimônio” que o segurado não conseguiu constituir em vida e deixa para seus familiares.

Nasser frisou ainda que este é o momento e a grande oportunidade para a figura do consultor de seguros. “Há o resgate dos verdadeiros profissionais de seguros no Brasil. O brasileiro é muito otimista em relação ao imprevisto, acha que nunca vai acontecer algo com ele. Então, o grande desafio do mercado é catequizar, fazer um trabalho de evangelização do consumidor”, alerta.

Nesse sentido, ele alertou que a transformação digital está promovendo uma seleção natural de profissionais de seguros e que vai sobreviver apenas quem buscar a especialização. “A transformação digital traz ganho de escala e para o corretor há importante ganho exponencial, se souber trabalhar. O melhor de tudo é que ele nem precisa comprar as ferramentas tecnológicas. As empresas do mercado já oferecem essas ferramentas. Mas, as coisas não acontecem naturalmente. Se o corretor se apresentar como profissional, será um ponto de referência para a decisão do cliente. O seguro ainda é um produto a ser vendido”, comentou.

Por fim, Nasser advertiu que o cliente “não vai comprar mais seguros de quem joga bola com ele” mas de pode agregar valor. “Nesse cenário, existem três tipos de profissionais: os que fazem acontecer, os que deixam acontecer e que perguntam o que aconteceu. Isso está ocorrendo agora no nosso mercado”, concluiu. 

TECNOLOGIA. 

Por sua vez, Rafael Quintana asseverou que a pandemia “acelerou a pauta de transformações no mercado” e que, em seis meses, o setor fez mais do que em cinco anos.

Para ele, o momento é de melhorar a experiência do cliente, reduzindo questionários, aprimorando o compartilhamento de documentos e tornando o processo de relacionamento muito mais natural, “Vai ser essencial, a partir de agora, entregar experiência enriquecedora. Esse será o diferencial competitivo que vai falar muito com o público”, aconselhou.

Ele destacou ainda que é uma “visão míope” achar que a tecnologia tira espaço do corretor. Segundo Quintana, na verdade, a tecnologia está impulsionando e melhorando o ambiente de negócios e trazendo “uma luz ao valor do corretor”.

O executivo aponta o corretor como “o grande porta-voz da indústria de seguros junto à população”, o profissional que está levando a boa nova do seguro para todos os povos.

Nesse cenário, para focar sua atuação no atendimento qualificado ao cliente e na prospecção de novos negócios, o corretor precisa enxergar a tecnologia como algo “amigável”, que tira dele a necessidade de se preocupar com questões processuais. “Isso dá ao corretor mais energia e capacidade para ter um foco mais consultivo e ver as necessidades reais do segurado e das famílias. O papel do corretor é ajudar a população a se proteger. Os processos terão ganho de eficiência para o corretor se dedicar a sua missão”, salientou. 

O executivo da TransUnion disse ainda que a tecnologia ganha força como a grande aliada de todo o mercado, pois facilita o acesso da população aos produtos e, se aplicada de maneira correta, pode resolver problemas como os grandes “detratores do sistema”, principalmente no que se refere à experiência do cliente. “O brasileiro valoriza muito a experiência no atendimento. Quem não entregar boa experiência será descartado. A pandemia fez todo mundo recorrer ao mundo digital. Agora, todos querem esse bom nível de conveniência e de melhor experiência”, apontou.

Já Gustavo Doria assinalou que o Brasil tem um “vácuo de seguro de vida individual” e que, nesse cenário, o corretor “não pode não oferecer seguro”, pois as pessoas estão precisando desse produto.


Fonte: Seguro Gaúcho