“O objetivo número 1 é bater meu recorde sul-americano nos 100m Livre”


Gabi Roncatto e Naná Almeida se classificaram, juntamente com Larissa Oliveira, para disputar o revezamento 4x200 Livre Feminino nas Olimpíadas de Tóquio.

Técnica, dedicação, sorte e sucesso. A mineira mais carioca a disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, a nadadora Larissa Oliveira desembarcou no Japão levando na bagagem uma preparação moldada a ferro, fogo e muita superação.

Nascida em Juiz de Fora (MG), a atleta de 28 anos é a maior medalhista brasileira em Jogos Pan-Americanos e foi 13 vezes recordista sul-americana. Em 2014, sagrou-se campeã mundial no revezamento misto, contribuindo para o histórico primeiro lugar geral do Brasil no Mundial de Doha, no Catar, além de ter conquistado uma prata e um bronze na competição.

Integrante da equipe Flamengo/ENS e indo para a sua segunda Olimpíada, a nadadora vai disputar quatro provas: três revezamentos – 4x100 Livre Feminino, 4x100 Medley Misto e 4x200 Livre Feminino, esta última juntamente com Gabi Roncatto e Naná Almeida, também componentes do time Fla/ENS – e os 100 metros Livre. A disputa para a prova individual só foi confirmada poucos dias antes da viagem, no começo de julho, e foi uma grata surpresa.

Na entrevista exclusiva ao Acontece, Larissa contou um pouco do árduo processo até a conquista da vaga nas Olimpíadas, especialmente a classificação merecida nos 100 metros Livre, a mudança para o Rio de Janeiro (RJ), a chegada ao Flamengo/ENS e um pouco dos seus hábitos na nova cidade.

ACONTECE: Como foi receber a confirmação da sua classificação para disputar os 100m Livres depois de um revés incrível no tempo de prova?

LARISSA: Na seletiva olímpica da natação brasileira, que ocorreu no final de abril, no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro (RJ), fiz o segundo melhor tempo da minha carreira nos 100m Livre. O índice era de 54s38 e eu fiz 54s39. Havia ficado de fora por apenas um centésimo. Foi duro, mas pensei, isso faz parte da vida de atleta de alto rendimento. Há cinco anos eu não nadava próximo desse tempo. Fui para o revezamento disposta a dar o meu melhor. Consegui! No entanto, no começo de julho, veio a confirmação tão esperada! Quando saiu a classificação, fiquei realizada. Sentimento de gratidão total.

ACONTECE: Quais as expectativas para o seu desempenho e do grupo em Tóquio?

LARISSA: O grande desafio é nadar os 100m Livre abaixo do índice olímpico. Quero bater meu recorde sul-americano (54’03). Estou me dedicando muito para isso. É o meu objetivo número 1. No revezamento, meu sonho é alcançar uma vaga na final olímpica. É um resultado inédito para o Brasil nessa prova em equipe. Estar entre os oito melhores do mundo seria muito gratificante.

ACONTECE: Como foi sua chegada à equipe Flamengo/ENS e como está sendo a adaptação ao novo clube e ao Rio de Janeiro?

LARISSA: Se eu soubesse que seria tão bem recebida, teria vindo antes. Estou muito feliz aqui. A estrutura do clube é excelente, os técnicos e toda a equipe me dão todo o apoio. Fico honrada em representar o clube. Procuro sempre lembrar a mim mesma que grandes feitos geram grandes responsabilidades. Ser uma atleta com tantos títulos impõe esse desafio. Tenho prazer em nadar. Amo nadar, amo competir. Faço com tanto gosto que tiro de letra essa responsabilidade.

Sobre a rotina, moro sozinha em um apartamento no Leblon. Treino durante duas horas pela manhã e outras duas à tarde, além de fazer uma preparação física que gira em torno de uma hora e meia. Tenho folga aos domingos, mas somente quando não há competições ou viagens à vista. Quando sou liberada dos treinos à tarde, vou à praia. Sou mineira, né? Mineiro é apaixonado por praia até em dia de chuva. Pego minha cadeirinha e minha barraca (aqui não posso falar em “sombrinha”) e vou à praia no Leblon mesmo. Curto também a Lagoa, a praia da Joatinga e a Prainha. Nos intervalos dos treinos fico contemplando o Cristo Redentor. É tão bonito que, às vezes, perco a hora e me atraso para o treino.

ACONTECE: E qual a sua avaliação sobre a parceria da ENS com o Flamengo, que, além de ajudar o esporte olímpico, estimula a capacitação de atletas, colaboradores e torcedores do clube em condições de vulnerabilidade social?

LARISSA: Essa parceria é fundamental! Se tem uma coisa que o esporte não nos ensina é quando parar. Se você não planeja o que fazer depois da aposentadoria, o baque pode ser muito grande, especialmente para o atleta de alto rendimento. Cursos de formação e qualificação profissional são um caminho seguro a ser pensado para a vida após as competições. Sou formada em Educação Física, porém, planejo fazer outro curso de graduação ou pós quando encerrar a carreira de nadadora.

Parceria Flamengo/ENS

A parceria da ENS com o Flamengo foi firmada em novembro de 2020. A união do ensino de excelência com o esporte de alta performance tem o intuito de promover o desenvolvimento de novos talentos para a equipe de natação e auxiliar atletas olímpicos do clube.

Pelo acordo, o Flamengo pode oferecer 110 bolsas de estudo integrais da ENS, em cursos de graduação e de MBA, a atletas olímpicos, colaboradores e torcedores do clube que vivem em condições de vulnerabilidade social. Atualmente, o clube reúne cerca de 800 atletas nas modalidades olímpicas, sendo que 44% deles são oriundos de regiões carentes.


Fonte: ENS