MAPFRE Brasil se prepara para crescer 20% nos próximos três anos

Assim como a matriz, a subsidiária brasileira da MAPFRE transpira otimismo. O Brasil é o segundo maior mercado do grupo depois da Espanha e tem um status especial dentro da estratégia de crescimento das vendas e das receitas.

No ano passado, a seguradora representou 15% dos prêmios emitidos pelo grupo. “Crescemos 15%, enquanto o mercado brasileiro cresceu 14%”, diz Fernando Pérez-Serrabona, CEO da MAPFRE no Brasil, durante sua participação no Encontro de Acionistas 2022, realizado na sede em Madri.

Assim como para o presidente do grupo, Antonio Huertas, Pérez-Serrabona diz que a fortaleza econômica e social do Brasil é impressionante. “As oportunidades para o setor de seguros são imensas. O país tem baixa penetração do seguro no PIB, o setor demonstrou forte resiliência no período de pandemia e houve um forte aumento da sensibilidade das pessoas sobre a necessidade de ter proteções financeiras”, elenca.

“O que nos preocupa são a inflação e as mudanças climáticas, que afetam muito o seguro rural. Agora mesmo, veja, recebi um aviso no celular de um tufão no sul do Brasil. Mas é para isso que existimos. Vender proteção para situações de risco”. Num cenário de inflação elevada, os seguros mais ligados a empréstimos, como o seguro prestamista, tendem a sofrer baixa nas vendas com o represamento dos financiamentos. Por outro lado, a taxa básica de juros, a Selic, está extremamente elevada no Brasil. É ela que remunera as reservas das seguradoras e traz ganhos para compensar os efeitos da inflação.

De acordo com um estudo da MAPFRE Economics, os principais riscos para a economia brasileira são a inflação, o impacto da seca nos preços da energia elétrica, a alta dos preços dos alimentos e dos juros – que certamente afetarão o consumo e o investimento. Além disso, a produção industrial também pode ser impactada por mais alguns meses diante das dificuldades de abastecimento. Num cenário otimista, o levantamento estima que os prêmios do segmento de seguros de bens e responsabilidades vão desacelerar e crescer cerca de 5,8% no final de 2022. Os prêmios de vida, por sua vez, reflexo das projeções da previdência e taxas de juros de curto e longo prazo, e na ausência de choques de incerteza na economia, devem crescer fortemente.

Ricardo González, economista da MAPFRE Economics, diz que uma atualização do estudo deverá ser publicada em abril. “Acreditamos em um 2022 bom para o setor de seguros, mas temos de considerar os impactos que uma guerra significa para o mundo. A alta da inflação que temos observado até o momento pode afetar o custo das sinistralidades de várias carteiras, como vida e automóvel”, citou.

Ricardo Gonzáles: “Acreditamos em um 2022 bom para o setor de seguros, mas temos de considerar os impactos que uma guerra significa para o mundo”.

Pérez-Serrabona cuida da estratégia e Felipe Nascimento é o CEO de operações e comercial, que incluem os segmentos de automóveis, seguros gerais, grandes riscos e vida. “Ele (Pérez-Serrabona) me diz para perseguirmos um crescimento de 20% ao ano nos próximos 3 anos. Com o avanço econômico do Brasil certamente isso poderá ser cumprido e estamos nos preparando para este momento”, afirma Felipe Nascimento.

O executivo conta que tem a seu favor uma equipe talentosa, corretores comprometidos e muita tecnologia para colocar em mercados como vida, agro, PMEs e grandes riscos. “A aceleração da digitalização no setor de seguros tem sido incrível. Somos uma seguradora multiprodutos e multicanais, o que nos permite lançar produtos diferentes em diversas plataformas. Em breve, lançaremos uma para os corretores, que facilitará muito o dia a dia dos profissionais”, destaca Nascimento.

Quando o assunto é inovação, há muito a abordar no grupo. A subsidiária local é uma das pupilas do programa mundial Open Innovation. José Antonio Arias, que lidera a inovação mundial, explica que se trata de um modelo global com equipes em várias empresas e países onde o grupo MAPFRE está presente.

“Todas as iniciativas de Inovação Aberta da MAPFRE operam sob um único indicador: quantos clientes se beneficiam de nossas inovações”, comentou ele em conversas com jornalistas de 12 países convidados na sede da companhia. Segundo Arias, o cenário de total disrupção das startups cedeu lugar para a colaboração com as seguradoras tradicionais, ávidas por digitalização e entrega de uma jornada fluida aos clientes e corretores.

Arias: “O Brasil é um país estratégico para o grupo MAPFRE e vemos muitas oportunidades de invoção”

Joan Cuscó, diretor de Inovação, resume o objetivo do programa em uma frase: “juntos podemos ir mais longe”. Segundo Cuscó, a colaboração entre startups e grandes empresas é uma oportunidade que nenhuma das partes pode deixar escapar. “Estamos nos posicionando como o programa de referência no setor de seguros, reduzindo processos que duravam meses ou anos a poucas semanas. Depois de dezenas de pilotos lançados no mercado, com uso intensivo de inteligência artificial e suas diferentes aplicações, sabemos exatamente o que temos a oferecer e o que podemos esperar em troca”, diz.

O programa MAPFRE Open Innovation possui fundos de investimento para participação em empresas de capital de risco dedicadas à inovação relacionada ao mundo dos seguros. O mais recente foi lançado este ano, com aporte de 350 milhões de euros para aportar em iniciativas que façam a diferença para o crescimento do grupo segurador. “Queremos que os clientes tenham as mesmas facilidades para contratar um seguro ou pedir uma indenização que ele encontra em outros segmentos, como pedir comida pelo aplicativo ou assistir ao filme que quiser, na hora mais conveniente, como acontece nos streamings”.

Felipe Nascimento conta que a subsidiária brasileira já tem duas soluções dentro do Open Innovation. Uma delas é com a Tractable, empresa de solução tecnológica baseada em Inteligência Artificial. Juntas, elas visam ajudar os clientes da seguradora a terem seus carros reparados de forma mais eficiente com a ajuda de dados. A solução acelera em até duas semanas a devolução de veículos aos clientes após um sinistro. “O sistema nos permite avaliar danos visíveis e ocultos. É surpreendente o nível de detalhes e a capacidade de dados nos permite aportar muitas informações”, explica.

Outros projetos em curso no Brasil são a parceria com a ThinkSeg com a oferta do seguro intermitente, ou pay per use, o seguro paramétrico, o uso de drones para aprimorar a subscrição de riscos, bem como para agilizar a regulação de pedidos de indenização no seguro rural entre vários outros.

“O que mais nos encanta são as imensas oportunidades de crescimento que temos pela frente”, avalia Pérez-Serrabona. ‘Isso sem falar no talento dos brasileiros. Temos uma experiência incrível com os jovens. Entregamos a eles desafios e crescimento e eles nos devolvem soluções incríveis”, acrescenta

Nascimento afirmou que saiu do Encontro de Acionistas 2022 ainda mais confiante de que tem uma estratégia pautada na eficiência e produtividade. “Nosso objetivo será um crescimento disciplinado nas linhas de auto, multirriscos, vida e empresas, a fim de gerar valor tanto para nossos clientes quanto aos nossos parceiros e distribuidores, comprovando nossa solidez e capacidade comercial. Este é o momento e chegou a hora de caminharmos juntos nesta transformação”.

Fonte: Sonho Seguro | SindsegRS