Tendências de inovação e tecnologia para os próximos anos

Acompanhei um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, o Web Summit 2022. O evento, realizado mês passado em Lisboa, além de muitos insights trouxe também números impressionantes. O Brasil foi a terceira maior delegação, perdendo apenas para Alemanha e Reino Unido. Isso mostra o quanto estamos interessados em explorar as principais tendências.

Ao todo, mais de mil investidores de 60 países estiveram presentes buscando negócios no evento (os 1081 investidores representam 30% de todos os aportes globais em startups em 2022). Além disso, outros números chamaram muito a atenção:

  • Foram 1050 palestrantes (34% mulheres) nos 17 palcos e 26 trilhas de conhecimento;
  • Participantes de 160 países, totalizando 71.033 participantes (sendo 42% de mulheres);
  • Foram 2.296 startups de 94 países (70 brasileiras e 400 fundadas por mulheres)

Durante os dias de evento, participei de diferentes painéis, caminhei pelos espaços, mas em um evento deste tamanho é impossível acompanhar todas as discussões. De qualquer forma, aproveitei e acompanhei tudo o que foi possível. E agora monto uma lista com 7 itens que considero as principais tendências que foram discutidas durante o Web Summit 2022.

1 – Criptomoedas

Apesar dos ajustes nos valuations das startups e empresas no geral, aumento nas taxas de juros e uma cautela em investimentos mais arriscados, as Criptos não são uma moda, são uma tendência e ainda vão transformar muitos negócios, gerando grandes impactos. Impulsionados também pela Web 3.0, NFTs e Tokens, muda todo um paradigma de centralização de informações e ativos. A tônica agora é a descentralização com segurança, ainda que, com muitas dúvidas sobre segurança, esta tendência deve disruptar vários modelos de negócios como conhecemos hoje.

2 – Inteligência artificial

Não é novidade, mas usamos IA no nosso dia a dia há muito tempo. Assim como toda inovação traz também simplificação, escalabilidade e valores mais acessíveis, cada vez mais veremos soluções de IA em nossas vidas – seja com automatizações simples, chats inteligentes, bots cada vez mais reais, seja com algoritmos mais complexos para o futuro do trabalho, IA para prevenção de doenças cada vez mais poderosas e onde mais pudermos imaginar suas aplicações.

3 – Web 3.0

Quem pensa que a Web 3.0 é uma versão mais nova da 2.0, está enganado. Web 3.0 é toda uma lógica diferente de como a internet nasceu. A Web 1.0 nasce com a democratização de conhecimento na internet, em que as pessoas buscavam informações. Na Web 2.0, passamos a interagir com plataformas consolidadas dos grandes players do mundo digital. Agora, com a Web 3.0, as interações, negócios e soluções são interoperáveis e descentralizados, com total poder para quem gera conteúdo e para as pessoas.

4 – Metaverso

O que mais ouvi no Web Summit foi que o Metaverso ainda não é uma realidade, mas é inevitável. Também não é exclusivamente o que a Meta está fazendo. Vai muito além disso, o conceito mais falado é que o Metaverso será uma construção coletiva, descentralizada e interoperável, em que conseguimos transitar em diversos ambientes, como: realidades virtuais, realidade aumentada, diversas plataformas e formatos diferentes, avatares, identidade digital, entre tantas outras possibilidades. O mais importante é que o Metaverso como realidade é uma aposta para daqui a 5 a 10 anos. As empresas hoje querem se posicionar e experimentar essas possibilidades, mas o jogo ainda tem muito para ser jogado até termos players consolidados no mundo. Quem sai na frente já sabemos, são as big techs e seus grandes investimentos – seja o campo que for.

5 – Sustentabilidade

Em um mundo cada vez mais preocupado com o planeta (tarde, mas esperançoso), as discussões climáticas, cidades inteligentes, busca por energia limpa e renovável, alimentação sustentável, foram os temas mais impactantes para mim. Tinha uma visão pouco clara sobre as discussões do tema, tinha um pré-julgamento que eram rasas e focadas em marketing. Me impressionou a quantidade de pessoas criando soluções energéticas, climáticas e com foco na sustentabilidade da produção e alimentação, que saí do evento bem mais esperançoso do que entrei.

6 – Geração Z

Os donos da bola.Se somos cada vez mais digitais, precisamos pensar que existe uma geração que nasceu digital. Por que isso importa? Caso não saiba responder, você está em apuros. Toda lógica que mencionei acima, da Web 3.0, Criptos e Metaverso, da colaboração, ambientes interoperáveis, descentralizados são a lógica desta geração, ou seja, elas nascem tecnológicas, uma geração colaborativa, com lógica de consumo completamente diferente da minha, por exemplo. Minha geração focava na posse, no bem, esta geração foca na experiência, no compartilhamento. Isso muda como as empresas e pessoas fazem negócios, criam soluções, produtos e serviços. A relação de consumo já é muito diferente. Quem imaginaria que os adolescentes não usariam o google para buscas? Pois é, utilizam o Tik Tok.

7 – Saúde Mental, acesso e HealthTechs

Em um mundo em transformação cada dia mais acelerada, nunca foi tão importante cuidar da saúde mental, vivemos em um mundo ansioso, sobrecarregado de informações, mudanças e dúvidas. As pessoas entenderam a importância de cuidar da saúde mental e falar sobre isso. As soluções para a saúde mental se multiplicam, assim como as HealthTechs em geral. Acredito que será o próximo boom, assim como vivemos com as fintechs. As HealthTechs buscam principalmente escala para suas soluções. Para isso, precisam inverter a lógica do acesso. Em um mundo com 8 bilhões de pessoas, o acesso à saúde precisa mudar, precisa ser mais acessível e para mais gente, este é o ponto central. A lógica do acesso vai mudar o mercado de saúde com certeza, hoje é um mercado baseado em serviço e já existem pessoas que cravam que a lógica precisa ser focada em produto. Não parece estranho pensar assim. Pensem na telemedicina, escalou na pandemia e hoje é fundamental. É um produto e não mais só um serviço de saúde de consulta, tem poder de escala e de incrementar outros serviços e produtos.

Espero ter ajudado a entender o evento, provocar algumas reflexões e a pensarmos de forma diferente. Foi assim que me senti participando de um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do mundo. No final das contas, confirmei o que já acreditava: a inovação, a tecnologia e a transformação, sempre serão feitas por pessoas, conexões e colaboração. E assim, será.

Fonte: Insurtalks