Consumidores estão cada vez mais sensíveis aos riscos ambientais, sociais e de governança

A reunião de 14 de dezembro da Comissão de Inteligência de Mercado da CNseg (CIM) contou com apresentação dos resultados do mais recente estudo do pesquisador Flávio Nogueira. Em 2015, ele havia concluído sua tese de doutorado com uma pesquisa sobre a evolução dos riscos relativos a fatores ASG (Ambientais, Sociais e de Governança) no mercado segurador brasileiro. Agora, nesse novo estudo, ele atualizou a pesquisa e cruzou os resultados com a pesquisa realizada pela Unep-Fi (Iniciativa Financeira do Programa Ambiental da ONU) sobre a percepção dos consumidores de seguro sobre a sustentabilidade no setor.

De acordo com Flávio, o contexto da sustentabilidade em seguros no Brasil mudou significativamente desde 2015 devido a uma série de fatores, como o Acordo de Paris, a Declaração do Rio sobre a transparência dos riscos climáticos e a Circular Susep 666, que dispõe sobre requisitos de sustentabilidade para as seguradoras. Além disso, nos últimos sete anos, os consumidores se tornaram muito mais sensíveis aos riscos ASG e, consequentemente, mais propensos a adquirir seguros relacionados, gerando novas oportunidades para as seguradoras. Por outro lado, os profissionais estão mais sensíveis e preocupados com essas questões e, consequentemente, mais exigentes em relação a essa incorporação, que pode ser um efeito circular Susep 666.

A conclusão dos entrevistados é que o setor segurador está se adaptando ao tema. Além disso, em termos legais, o Brasil ainda tem se movimentado pouco, na comparação com outros países, que já possuem legislações mais avançadas para a mitigação dos riscos climáticos.

Segundo Flávio, esses riscos podem ser divididos em três categorias: os riscos físicos, como, por exemplo, o aumento da frequência e intensidade de enchentes e ciclones, que afetam todas as carteiras; os riscos de transição, que envolvem questões tecnológicas e regulatórias e novas fontes de energia; e os riscos de litígio, relacionados a ações por danos climáticos, por exemplo.

Setor segurador devolveu R$ 182,9 bilhões à sociedade em 2022

A apresentação seguinte, sobre a evolução do mercado brasileiro de seguros, foi feita pela especialista da CNseg Priscila Aguiar, que também é a coordenadora da CIM. Ela informou que, até outubro de 2022, esse mercado retornou à sociedade, em indenizações, resgates e sorteios, o montante de R$ 182,9 bilhões, com destaque para o Seguro Auto e o Seguro Rural. Em relação à arrecadação, a cifra foi de R$ 294,6 bilhões no mesmo período, o que representa um crescimento de 18% em relação a 2021. Já para 2023, a expectativa é de que o setor tenha um aumento de 10% na arrecadação, considerando a aprovação da PEC que poderá injetar R$150 bilhões na economia. Além disso, também se espera que cresça a participação do setor no PIB, passando de 6,4%, previsto em 2022, para 6,6% em 2023.

Ao fim das apresentações, o presidente da Comissão, Gilberto Garcia, agradeceu aos membros da CIM pelo trabalho que foi desenvolvido ao longo do ano e que tem sido muito elogiado pela CNseg e pelo mercado, em geral.  

Fonte: CNseg