Chubb Brasil vê cenário desafiador para 2023, mas com muitas oportunidades em seguros

A Chubb Brasil comemora um resultado recorde, mesmo em um cenário desafiador como tem sido os últimos anos. O lucro líquido ultrapassou R$ 320 milhões, graças a uma disciplina de subscrição de riscos. “Temos uma equipe de técnicos, em diversas áreas, que atua com clareza na previsibilidade de riscos e provisões necessárias para que as carteiras sejam rentáveis e criem uma relação longeva com nossos parceiros comerciais e clientes finais”, afirma Leandro Martinez, presidente da Chubb Brasil.

2022 foi marcado pela guerra na Ucrânia, aumento da inflação, o fim da pandemia de COVID-19 e perdas elevadas por catástrofes naturais. Em seguros, um dos problemas veio do forte reajuste dos preços do resseguro, o seguro das seguradoras. Desde então, as companhias de seguros em parceria com seus corretores se desdobram para conseguir manter os preços e as condições dos programas de seguros corporativos. Porém, apesar da concorrência, a Chubb mantém a disciplina. “Nada resiste a um índice combinado, que mede a eficiência da operação (quanto menor, melhor), de 100% por muito tempo, mesmo tentando compensar a perda operacional com o ganho financeiro. Em 2023, o mercado continua desafiador porque a conjuntura mundial ainda é complexa. Temos inflação alta no mundo inteiro. As catástrofes seguem castigando diversas partes do mundo. As taxas de juros elevadas atraem o capital dos resseguradores para operações menos arriscadas e isso se reflete no preços de seguros e de resseguros. Por isso, acredito que vamos observar os preços ainda em alta em 2023″, avalia Martinez.

Para o Brasil há uma pitada de otimismo, mesmo com a preocupação em torno dos juros elevados, mantido pelo Banco Central como forma de controlar a inflação. As vendas em 2022 superaram R$ 3 bilhões, sendo 60% disto no segmento de seguros gerais e responsabilidades (ou Property & Casualty, no termo em inglês) e 40% da venda no varejo, através de parceiros corporativos, segmento conhecido como afinidades. Um exemplo é o Nubank, que vende seguros de vida e de celular da Chubb.

“Temos um potencial grande para infraestrutura, que gera oportunidades para vários segmentos da economia, inclusive para seguros. Se o governo conseguir acelerar os projetos que estão na pauta, nichos como seguro garantia, riscos operacionais, de engenharia entre outros terão forte demanda. Além dos seguros corporativos, vejo também infinitas oportunidades no segmento de pessoas físicas diante do baixo consumo de seguros em diversos segmentos”, disse.

Dados da CNseg, a confederação nacional das seguradoras, revela que no Brasil, apenas automóvel e saúde exibem uma penetração acima de 30%. Outros ramos, como residencial, vida, celular, responsabilidade civil, rural e pequenas e médias empresas são inferiores a 15%. “Em que pese o aumento do volume de prêmios cobrados e de indenizações pagas, quando colocamos o mercado local em perspectiva com outros já desenvolvidos, averiguamos que nossos avanços se limitam, em certa medida, apenas aos aspectos quantitativos, e que, ainda, falta-nos um caminho importante a percorrer em direção à qualidade e amplitude de coberturas”, diz.

Para o CEO da Chubb, a falta de um conhecimento mais profundo de aspectos técnicos, jurídicos e regulatórios, em particular dos que recaem sobre as seguradoras, por parte da sociedade como um todo, precisa ser melhor trabalhada por todos no setor. Ele reconhece que muito tem sido feito, como a criação de um ambiente regulatório menos gravoso para projetos inovadores, até a garantia de mais liberdade na redação dos contratos com a diminuição do dirigismo contratual.

Martinez vê na inovação uma ponte para o crescimento do setor. Via de regra, quanto maior o desconhecimento do subscritor sobre determinado item a ser segurado — incluído em um portfólio — maior tende a ser o valor do seguro para este item. É através do processo de subscrição que a seguradora define sobre aceitação de um risco — ou não, explica. “A análise de risco no processo de subscrição pode se beneficiar muito das novas tecnologias existentes, especialmente àquelas relacionadas à ciência de dados”, afirma ele, citando um recente artigo escrito para o portal Conjur.

Martinez vê como positiva as iniciativas do setor e do governo, como os modelos de sandbox regulatório, onde insurtechs podem atuar por até 36 meses com regras mais flexíveis. “São relevantes experiências para o desenvolvimento do setor. No entanto, ignorar os elementos “garantia” e “risco” em qualquer inovação no mercado de seguros, em que pesem as facilidades criadas, pode sacrificar qualquer modelo de negócio que esteja tão somente pautado na distribuição pelo segurador. Aventurar-se nos mares no mercado segurador ignorando elementos centenários na atividade, ainda que num contexto de elevada tecnologia, pode não resultar em sucesso. Como disse, nada resiste a um índice combinado de 100% por muito tempo”, finaliza o CEO da Chubb.

Fonte: Sonho Seguro