Pandemia alavanca crescimento do setor de seguros no oeste de SC

O setor de seguros observou na pandemia de Covid-19 um motivo para crescer, expandir e ser reconhecido como lugar de confiança em momentos difíceis da sociedade. No Oeste de Santa Catarina, os índices de aumento na procura do serviço impressionam, e motivaram uma entrevista que o Diário do Iguaçu fez com Guilherme Bini, diretor territorial sul da MAPFRE, uma das maiores companhias de prestação de serviços no mercado segurador do mundo. Esta entrevista separa a procura de seguros por produto, e visa entender quais comportamentos da população levaram a este importante novo cenário.

Diário do Iguaçu: No seguro de automóveis, o crescimento entre 2021 e 2022 foi de 62% nos valores contratados, e de 35% no número de veículos segurados. Quais motivos levaram a este aumento?

Guilherme Bini: "Podemos afirmar que o cenário adverso que surgiu nos últimos anos com a pandemia trouxe um novo olhar dos consumidores sobre a importância dos seguros, apesar de o brasileiro sempre ter dado muita importância para o seguro de automóvel. Neste novo cenário, mais pessoas passaram a direcionar seus recursos para à sua própria proteção, a de suas famílias e aos seus patrimônios. Com o abrandamento da emergência sanitária, aqueles que não fizeram ou não renovaram o seguro durante a pandemia também começaram a procurar o produto. Já o aumento no valor dos seguros contratados vem de uma série de fatores, como o crescimento do número de sinistros - cujo índice está maior do que no período pré-pandemia- o aumento da frota de veículos circulando; a falta de peças nas montadoras; a inflação e o aumento do dólar".

DI: Outro assunto importante quanto ao seguro de automóvel é a questão do valor de proteção a terceiros, quando em caso de acidentes. Como as pessoas devem observar esse ponto?

Guilherme: "Quando você causa um acidente, você é responsável tanto pelos danos materiais quanto pelos danos corporais. As pessoas pensam muito no automóvel, mas nós, como seguradora, temos um papel muito importante com o corretor de seguros para dar a melhor instrução para o cliente. Hoje, é muito difícil você encontrar um carro 0 km por menos de R$ 80 mil. O mercado sempre trabalhou com uma cobertura média de até R$ 50 mil em danos materiais e corporais, acabou aumentando para R$ 100 mil recentemente, e agora vemos os clientes reajustando a média para R$ 250 mil contra danos materiais. Como o Oeste Catarinense possui uma renda por pessoa relativamente alta, os carros de luxo estão aumentando na região. Vamos pensar que uma pessoa, com um carro popular, bate em um carro de luxo. Como ela ficará se não tiver um seguro? Ela terá que desembolsar um valor que talvez nem tenha para reparar os danos. Por isso que a contratação de um seguro auto se torna tão importante para garantir a tranquilidade do motorista".

DI: Bem lembrado o fato da cobertura sobre danos corporais em acidentes. Poderia nos detalhar esse tópico?

Guilherme: "Sabemos que um veículo possui um valor determinado. Agora, quanto vale uma vida? As pessoas estão entendendo a gravidade de um acidente com feridos ou até mortes. Isso levou a que as indenizações por danos corporais também tivessem um crescimento significativo, e é uma cobertura muito baixa comparada a dos danos materiais. Então, uma dica que dou ao consumidor: não empate ou diminua o valor da cobertura por danos materiais com a cobertura por danos corporais, sempre deixe a indenização por dano corporal maior no contrato de seguro".

DI: No campo do seguro patrimonial rural e de máquinas, o crescimento foi de 31% entre 2021 e 2022. Como o senhor avalia isso?

Guilherme: "A MAPFRE é uma seguradora que nasceu do Agro. A marca, na verdade, é uma sigla (Mutualidad de la Agrupación de Proprietários de Fincas Rústicas de España, Sociedade Mútua da Associação de Proprietários de Fazendas Rústicas da Espanha em português), então o seguro rural é a nossa essência. No Oeste Catarinense, temos muitas apólices de seguro para plantações de trigo, soja e feijão, até porque estamos há dois anos com intempéries climáticas que estão causando quase 45% de quebra nestas produções. Estamos também recebendo um aumento na procura dos seguros de máquinas e residências rurais, e de contratos específicos para eventos climáticos, como vendavais e temporais. Como muitas máquinas são financiadas, as instituições financeiras obrigam a realização do penhor rural, onde a máquina é dada como garantia no financiamento via seguro. Também estamos recebendo um aumento na procura de seguro para drones pulverizadores".

DI: O temporal de Chapecó da segunda-feira 23 de janeiro registrou uma tragédia onde uma parede caiu sobre uma casa, matou uma pessoa e feriu outras 10. Onde o seguro residencial entra? E como você avalia o crescimento de 39% nos valores dessa carteira?

Guilherme: "A cobertura básica do seguro residencial é contra raios, incêndio, explosão e implosão. A obra envolvida na fatalidade pode ter um seguro de risco de engenharia para amparar a construtora da edificação. Tanto a casa atingida quanto o prédio poderiam receber a cobertura pelos danos mesmo com processos administrativos a responder. No caso do temporal, tivemos que atender funcionários do nosso escritório em Chapecó e clientes da seguradora que tiveram suas casas destelhadas, perda de móveis, e muros de vidro tombados. A MAPFRE acionou suas equipes de assistência 24h para entregar lona aos segurados afetados, e depois os clientes com o seguro em dia fizeram seus orçamentos e encaminharam ao escritório, que irá pagar todos os custos com a mão-de-obra correspondente. O crescimento na procura do seguro residencial nos últimos anos se deu devido à pandemia, porque as pessoas ficaram mais tempo em casa, e começaram a fazer mais atividades de risco nas residências. A quantidade de incêndios em residências aumentou muito, e isto, aliado ao fato de a seguradora contar com uma rede de assistência ampla, e que faz vários serviços de conveniência aos segurados, como a instalação de um ventilador de teto, de um olho mágico, de um chuveiro".

DI: Chama a atenção a explosão de procura por seguros empresariais. Entre 2021 e 2022, o crescimento foi de 258% nos valores contratados. Ao que se deve isso?

Guilherme: "Muitas empresas passaram dificuldades durante a pandemia, e várias fecharam as portas. Aquelas que continuaram abertas começaram a ter duas preocupações: o amparo ao funcionário em causa de acidentes de trabalho, o que aumentou a procura por seguros de vida empresarial; e o seguro patrimonial para cobrir os danos de possíveis tragédias, como os incêndios que ocorreram em grandes empresas do Oeste Catarinense nos últimos anos, e que tinham as apólices em dia, podendo retomar os seus trabalhos em pouco tempo. As micro e pequenas empresas são as que mais procuram novos seguros hoje em dia, e fizeram com que nossos resultados chegassem a este ponto. Em número de empresas atendidas, crescemos 35% neste setor, enquanto médias e grandes empresas tiveram um aumento de 26% na nossa carteira. Enquanto uma grande empresa fecha um seguro de R$ 500 mil, uma micro ou pequena empresa fecha um seguro de R$ 800, dependendo de sua atividade".

DI: No campo dos seguros massificados, o crescimento foi de 82% nos valores contratados. O que são estes seguros e por que do crescimento?

Guilherme: "Os seguros massificados são todas as apólices vendidas a pessoas e empresas cujo patrimônio é menor do que R$ 50 milhões. Incluímos aqui todas as apólices, de todos os setores, incluindo serviços para médicos, profissionais liberais e transportadoras de valores. O crescimento geral foi puxado pelos seguros residenciais e empresariais".

DI: E quanto ao seguro de vida, que é bastante popular?

Guilherme: "Me chama muito a atenção que o seguro de vida tem uma procura cíclica, ou seja, tem uma temporada de grande procura e outra de baixa. Mas com 21 anos de experiência no mercado de seguros, e 16 na MAPFRE, nunca vi uma movimentação tão grande por este tipo de apólice quanto durante a pandemia. Naquele momento, nós vimos as coisas acontecerem tão perto de nós, e as reflexões sobre a nossa existência, nossos sonhos e nossa família levaram a sentença "seguro de vida" a ser, por semana, uma das frases mais buscadas no Google. A procura em 2022 baixou um pouco em relação a 2021, mas ainda está acima dos índices pré-crise sanitária".

A MAPFRE possui escritórios em Chapecó e Concórdia, além de uma rede de corretores de seguros que atende toda a região Oeste de Santa Catarina. Para conhecer mais sobre a empresa e saber como contratar um seguro, acesse o site da seguradora ou consulte as redes sociais com o @MAPFREBR. No Brasil, a MAPFRE possui 30 anos de trajetória, e a sede na Espanha completa 90 anos em 2023.

Fonte: Seguro Catarinense | Diário do Iguaçu