Prejuízos climáticos impulsionam crescimento de Seguros em Desastres Naturais

Segundo informações do Portal Valor Econômico, em entrevista com representantes da CNseg e da Corretora Aon Brasil, realizada no dia 19 de dezembro, os prejuízos decorrentes de desastres naturais relacionados a mudanças climáticas atingiram a marca de US$ 295 bilhões nos primeiros nove meses de 2023. Alarmantemente, apenas US$ 88 bilhões desse montante estavam segurados, evidenciando a necessidade urgente de expansão de seguros voltados para a proteção contra perdas em face do aumento de fenômenos climáticos extremos, como furacões, secas, enchentes e terremotos.

Os dados consolidados pela multinacional britânica de gerenciamento de riscos, corretagem e resseguros Aon indicam que o Brasil não está imune a tais impactos, registrando prejuízos na ordem de US$ 555 milhões. Diante desse cenário, seguradoras estão ampliando seus portfólios para incluir produtos específicos que visam lidar com eventos climáticos extremos.

Thiago Lang, responsável por ESG, M&A e verticais de indústrias na Aon Brasil, ressalta a necessidade de ajustes na modelagem atuarial das seguradoras diante das catástrofes climáticas. Ele destaca que, agora, as seguradoras precisam ter mais capital para cobrir eventos potencialmente catastróficos, demandando uma análise detalhada do impacto das variáveis climáticas em cada região e setor econômico.

O setor de seguros corporativos também está adotando medidas proativas. A Marsh lançou uma plataforma em 2022 que avalia 19 itens ESG (ambientais, sociais e de governança) das empresas para ajudá-las a melhorar suas exposições a riscos ambientais. Isso permite que as empresas negociem apólices de seguro de maneira mais eficaz, com 600 marcas já passando por essa avaliação, incluindo 120 da América Latina e 50 do Brasil.

Em resposta às demandas crescentes, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) fechou parceria com a Climate Policy Initiative (CPI) durante a COP28. O objetivo é produzir um estudo focado nos impactos socioeconômicos das mudanças climáticas no Brasil, utilizando um banco de dados para analisar os efeitos a curto, médio e longo prazos. Dyogo Oliveira, presidente da CnSeg, destaca que as mudanças climáticas terão impactos significativos no país, especialmente na agricultura, onde as perdas acumuladas de 2013 a 2022 atingiram R$ 287 bilhões.

O presidente da CnSeg enfatiza que a seca é o fator preponderante, responsável por 87% dos prejuízos no campo. Diante desse cenário desafiador, a CnSEG assinou um acordo com a Iclei, uma associação global de governos dedicada ao desenvolvimento sustentável. Esse acordo, financiado pelo banco alemão KfW, visa desenvolver um seguro voltado à infraestrutura urbana, oferecendo proteção aos municípios para lidar com tragédias, como as recentes enchentes no Sul e em São Sebastião, no litoral paulista, que causaram devastação nessas regiões.

 Fonte: CQCS | Nicholas Godoy com informações do Portal Valor Econômico