Mobilidade urbana: gestão e cidadania
O tema mobilidade urbana, considerado gargalo em todos os grandes e médios municípios brasileiros, tem demandado muito debate, estudos e buscas de recursos e ações de entidades públicas e da sociedade civil. Acompanhamos, cotidianamente, as notícias de revisões de planos diretores, desapropriações, construções de pontes e redirecionamento de fluxos, estabelecimento de calhas para coletivos e criação de ciclovias em uma luta inglória na qual conceitos matemáticos e físicos jamais são contemplados.
Em um país onde as políticas são estabelecidas em torno da cultura pelo automóvel, se torna ainda maior o desafio de conceber planos de mobilidade que alcancem graus satisfatórios de viabilidade e eficiência. Se os subsídios para a aquisição de veículos novos forem sempre mais vantajosos que os oferecidos à implementação e uso dos modais coletivos e sustentáveis, o caos é a única garantia que teremos.
Como em outros setores, o tema mobilidade requer visão ampla e multidisciplinar onde cada ator tem papel de grande responsabilidade. Ao poder público e planejadores de nossas cidades, a quem sempre remetemos as responsabilidades, recai, de fato, o imperioso papel de contínuo planejamento, regulamentação, gestão e implementação resultante de políticas contemporâneas e coerentes com a realidade.
E qual é nosso papel como cidadão? Pagamos impostos e esperamos pela resposta em forma de obras, serviços, melhorias e segurança para as nossas cidades. Mais do que isso, somos nós que desenvolvemos ou perpetuamos o ambiente cultural em que estamos inseridos.
A carona compartilhada com colegas pode manter até quatro vagas livres no estacionamento, ruas mais tranquilas e seguras e ambiente menos poluído. O saudável hábito de caminhar algumas quadras ou pedalar alguns quilômetros até o trabalho tem efeito ainda maior ao permitir experiências sensoriais urbanas e humanas.
Fonte: Jornal de Santa Catarina