Comissão de Inteligência de Mercado aborda legados da crise da Covid


02 de Dezembro de 2021 - Comissões da CNseg - A 11ª reunião de 2021 da Comissão de Inteligência de Mercado da CNseg (CIM), realizada em 24 de novembro, pela plataforma Zoom, teve início com a coordenadora da Comissão, Priscila Aguiar, da Superintendência de Estudos e Projetos (SUESP) saudando os três novos integrantes: Carolina Freitas, da Porto Seguro; Raquel Gaudêncio, da Brasilseg, e Lucas Safont Pereira, da XS3 Seguros S.A.

Em seguida, Priscila iniciou a apresentação “Análise de Mercado - Legados da Crise”, produzida pela SUESP e recentemente exibida para os membros do Comitê de Estudos de Mercado (CEM), um dos fóruns dos quais a SUESP participa e que é composto pelo Presidente e diretores da CNseg, Superintendentes, Diretores de Federações e o Presidente da CIM, entre outros, que se reúnem mensalmente para discutir temas de mercado e economia política.

O documento sobre os “Legados da Crise” apresenta uma análise da série histórica de arrecadação do setor, cujos valores são deflacionados pelo IPCA médio do período para uma comparação mais acurada entre os anos, informou ela. O objetivo é poder comparar a variável acumulada até o mês do ano corrente com a de anos anteriores, permitindo avaliar e quantificar a evolução dos incrementos ou decrementos ao longo do tempo, indicando aspectos que podem ter contribuído para o cenário observado.

O estudo identificou que, no final de 2020, no auge da pandemia, o setor segurador “perdeu” R$6,9 bilhões de arrecadação em valores reais, retroagindo ao patamar de 2017. No entanto, já em 2021, com os dados acumulados até agosto em toda a série histórica, também em valores reais, configurou-se no maior valor da série (sem considerar saúde e DPVAT), quando comparado ao mesmo período dos anos anteriores, evidenciando uma recuperação mais acentuada que a maioria dos outros setores econômicos.

Segundo Priscila, durante a pandemia, “as pessoas identificaram uma maior necessidade de proteção de bens e obrigações”, sendo esta a razão para o bom desempenho dos seguros de bens e responsabilidades.

O seguro residencial que, segundo ela, “representa 31% dos seguros massificados, foi uma das grandes descobertas feitas pelos consumidores”, crescendo, neste ano, 16,9% até agosto, em valores nominais, na comparação com o mesmo período de 2020. Em termos reais, trata-se do maior valor da série histórica.

Já o seguro de automóveis, tradicionalmente muito influenciado pela venda de carros novos, regrediu, até agosto de 2021, a patamares de 2011, devido, entre outros problemas, à redução da produção de veículos zero quilômetro. Entretanto, apesar de ter apresentado uma recuperação em 2021, esse seguro enfrenta ainda um desafio que é o aumento da busca das pessoas por carros usados, cujas compras cresceram 48% em 2021 e, especialmente, veículos acima de 9 anos.

O segmento de seguros de garantia estendida, que tem um apelo mais forte nas vendas presenciais, regrediu, em 2021, a patamares de 2011. Entretanto, a percepção é que, mesmo com o fim da pandemia, as vendas online vieram para ficar, razão pela qual já há seguradoras fazendo parcerias com lojas online para a venda desse produto pelos canais digitais, apesar de “a falta de conhecimento sobre o seguro dificultar essa venda online”.

Segundo Priscila, a redução da renda das pessoas também afeta a compra de bens. Redução que foi de 10,2%, no rendimento médio, no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o mesmo trimestre de 2020. Redução também influenciada pela taxa de desemprego de elevados 14%. De acordo com índices apresentados, o número de empregos formais em 2021 até o 2º trimestre retornou ao patamar de 2013 e o de empregos informais também retrocedeu, mas com menor intensidade (ao patamar de 2019). Com base nesse quadro, informou ela, algumas seguradoras já lançaram produtos de seguro voltados a trabalhadores informais, como os entregadores, por exemplo, movimento encarado como muito positivo.

O seguro rural, que mesmo em 2020 não parou de crescer, já registra o maior volume de arrecadação em 2021, na série história, em valores reais, até agosto, impactado pela alta das commodities e pelo aumento da conscientização dos riscos gerados pelas mudanças climáticas. Já o seguro de vida, que sofreu um forte impacto em 2020 devido à pandemia, já mostra crescimento e, até agosto de 2021, apresenta o maior valor de arrecadação em termos reais, apesar de ter tido uma sinistralidade também elevada. Segundo Priscila, esse bom desempenho ocorreu, tanto devido a um aumento da conscientização das pessoas em relação à sua importância, como também devido à oferta de novos produtos nesse segmento e a um maior esforço de comercialização por parte das seguradoras.

Já o seguro funeral jamais interrompeu sua trajetória de crescimento, tendo apresentado seu maior crescimento em 2021.

Os seguros de cobertura de pessoas, de uma forma geral, recuperaram as perdas de 2020, mas a captação líquida, resultado das contribuições menos os resgates e pagamentos de benefícios, dos produtos da família VGBL, ainda está no patamar de 2015.

Quem também apresenta patamares de anos anteriores é a capitalização, com captação líquida no patamar de 2019, e, no seguro saúde médico-hospitalar, o número de beneficiários até junho de 2021 é semelhante ao de 2016.

A reunião foi encerrada após a apresentação da sugestão de calendário de reuniões da Comissão para 2022, que não sofreu nenhuma objeção.  


Fonte: CNseg