O significado por trás de um milhão de downloads
Quando criei o livro “Pequeninos Sonhadores” em 2014, obra que leva o exemplo de vida dos “grandes sonhadores” para o universo infantojuvenil, jamais poderia imaginar que chegaríamos à marca de um milhão de downloads gratuitos realizados durante a pandemia.
Trata-se de um alento em meio ao triste cenário dos últimos meses, uma vez que o livro busca apresentar às crianças e jovens 24 grandes exemplos de vida, associando-os a virtudes distintas-a coragem de Martin Luther King, a cidadania de Betinho, a esperança de Zilda Arns, entre outras.
Boa parte de nós tem a consciência de que infelizmente sairemos da pandemia com um país mais desigual e mais pobre, mas do qual não podemos desistir. Precisaremos enfrentar os tempos sombrios que virão e sonharmos que ainda temos a possibilidade de construir um país melhor: mais justo, ético, tolerante e fraterno.
Isto é o que nos resta, a esperança da possibilidade de que cada cidadão possa tornar-se um agente de transformação em nossa sociedade. Albert Schweitzer, Nobel da Paz em 1952 e um dos “grandes sonhadores” da ONG Meu Sonho Não Tem Fim, dizia que nosso maior erro como indivíduos é seguirmos pela vida com os olhos fechados às nossas chances de auxiliar a quem necessita, pois para onde quer que vire seu rosto, o homem encontra alguém que precise dele. Esta é a essência que norteia nosso livro, assim como todos os projetos e ações sociais da organização.
Saiba mais: https://sindsegsc.org.br/novidades/agenda/8173/palestra_vinha_de_sonhos

Já são quase 150 mil mortes no Brasil devido ao coronavírus, uma situação que para muitos ainda passa despercebida, pois parece ser uma tragédia dispersa.
Vemos estas histórias tornarem-se números e estatísticas, como se cada uma delas não carregasse nomes, dramas e sonhos interrompidos. Enquanto escrevo este texto, o país contabiliza mais óbitos, mais vítimas do nosso descaso e falência como sociedade.
Para muitas famílias trata-se de mais um luto, mais uma perda irreparável. Já para nós como humanidade trata-se de nosso maior tesouro se perdendo por conta da indiferença, ganância e crueldade do poder público, e principalmente pela conformidade, falta de empatia e descaso da maioria de nós. Afinal, como já dizia o saudoso e inesquecível Martin Luther King, “nós não lamentamos tanto os crimes dos perversos, quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos”.
Mesmo com este cenário nebuloso, eu ainda tenho confiança em nosso poder de reação e de que temos a capacidade de mudar nossa triste realidade, primeiramente mudando a nós mesmos --tolerando mais, respeitando mais, amando mais, fazendo mais.
Ninguém é tão pobre que nada tenha a oferecer, nem tão rico que nada tenha a receber. Em meio a esta pandemia, parte de nós descobriu que existem milhões de pessoas com problemas imensamente maiores do que os nossos e que muitos têm a pobreza extrema como companheira inseparável.
São pessoas que, quando se levantam pela manhã, não sabem de onde virá e quando virá a próxima refeição. Cabe a cada um de nós começar a agir como agente de transformação desta triste realidade brasileira.
Tenho a certeza de que cada uma das mais de um milhão de pessoas que baixaram o livro “Pequeninos Sonhadores” nos últimos meses já fez o mais importante: deu o primeiro passo.
Fonte: Folha