Temporada de furacões no Atlântico mantém incertezas até novembro

A temporada de furacões no Atlântico tem seu pico na segunda semana de setembro, quando as águas oceânicas estão mais quentes e fornecem energia para tempestades tropicais e furacões que podem atingir comunidades da América Central até o Canadá.

Mas, em 2025, o início surpreendeu: até agora, apenas seis tempestades foram registradas, sendo apenas uma (Erin) classificada como furacão, abaixo da média histórica para este período.

Lições da história: Katrina como alerta permanente

O aparente período de calmaria não deve ser confundido com segurança. O furacão Katrina (2005) começou como tempestade tropical modesta e, ao cruzar o Golfo do México aquecido, tornou-se devastador:

  • Quase 1.800 mortos
  • US$ 160 bilhões em prejuízos
  • Impacto econômico e social duradouro, além de mudanças profundas no setor segurador

O episódio mostrou que um único evento extremo pode transformar uma temporada fraca em marco histórico de perdas.

Projeções revisadas para furacões, mas risco elevado

Consultorias como a AccuWeather reduziram suas estimativas de até 18 para 16 tempestades em 2025. Ainda assim, o risco segue alto, pois o Golfo do México registra temperaturas recordes, aumentando a chance de intensificação rápida, quando uma tempestade ganha força em poucas horas, diminuindo o tempo de preparação.

Em 2024, setembro começou calmo, mas os furacões Helene e Milton mudaram o cenário: 277 mortos e US$ 113 bilhões em perdas econômicas.

Furacões: implicações para o setor de seguros

  • O setor segurador não pode baixar a guarda:
  • Precificação e modelagem atuarial precisam considerar cenários extremos, não apenas médias históricas;
  • Produtos paramétricos (pagamentos atrelados a índices climáticos) ganham relevância;
  • Fundos de catástrofes e parcerias público-privadas se mostram essenciais;
  • Ajustes regulatórios e infraestrutura resiliente (diques, códigos de construção) ajudam a reduzir perdas.

Um estudo da Swiss Re aponta que um furacão idêntico ao Katrina geraria hoje cerca de US$ 100 bilhões em perdas seguradas (contra US$ 105 bilhões ajustados pela inflação). Já as perdas econômicas totais ultrapassariam US$ 225 bilhões, reforçando a urgência de adaptação.

Tendências e aprendizados com furacões

  • Ciclones tropicais responderam por 39% das perdas seguradas globais na última década
  • A obrigatoriedade de seguros contra enchentes nos EUA ampliou a cobertura, mas trouxe desafios de acessibilidade
  • Katrina mudou os modelos de risco, que passaram a incluir danos combinados (vento + enchente).

O gap de seguro continua alto: em 2024, só 40% das perdas globais estavam seguradas.

Para o setor de seguros, significa que resiliência climática, inovação regulatória e precificação realista são as chaves para proteger sociedades cada vez mais expostas a eventos extremos.

Fonte: CNseg | Notícias do Seguro