Brasil acelera a descarbonização e vira referência internacional
A transição do setor automotivo brasileiro ganhou força e entrou oficialmente no radar global da COP30.
O país combina três frentes - eletrificação, biocombustíveis e eficiência energética - e desponta como modelo de descarbonização para mercados emergentes.
Mercado de eletrificados: crescimento rápido e consistente
O Brasil fechou o 1º semestre de 2025 com 481 mil veículos eletrificados em circulação, alta de 28% em seis meses. O mercado já representa 8% dos carros novos vendidos.
Panorama da frota:
- BEV (100% elétricos): 117.686 unidades (+33,7%)
- PHEV (híbridos plug-in): 155.635 unidades (+32,2%)
- HEV (híbridos convencionais): 207.963 unidades (+23,2%)
As vendas seguem concentradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, onde infraestrutura e renda favorecem a eletrificação.
Metas e políticas públicas impulsionadas pela COP30
O Brasil reforçou sua ambição climática com o programa MOVER e a nova NDC, que prevê:
- redução de 59% a 67% nas emissões até 2035 neutralidade climática até 2050
- Na COP30, governo e empresas firmaram o Memorando Global para Veículos Médios e Pesados Zero Emissão, com metas claras:
- 30% das vendas zero emissão até 2030
- 100% até 2040
- Projetos como o corredor e-Dutra (RJ–SP) preveem 1.000 caminhões elétricos e rede de recarga dedicada até o fim da década.
Biocombustíveis e múltiplas tecnologias: vantagem competitiva brasileira
O Brasil segue como líder mundial em biocombustíveis. Hoje, 70% da frota leve roda com etanol ou motores flex, garantindo uma das menores pegadas de carbono do mundo (Anfavea/BCG).
Para caminhões e longas distâncias, os biocombustíveis continuam sendo a solução mais imediata:
- menor custo operacional
- infraestrutura já existente
- impacto direto na redução de emissões sem necessidade de troca completa da frota
Eficiência, indústria e inovação: a evolução do setor
A indústria automotiva brasileira avançou 21% em eficiência energética nos últimos anos, e ainda pode melhorar 12% até 2027.
Combinado ao MOVER e ao Rota 2030, isso já gerou:
- R$ 1,8 bilhão em investimentos diretos
- mais de R$ 3,8 bilhões em incentivos previstos
- expansão de projetos de reciclagem, baterias mais limpas e conectividade
- evolução de modelos autônomos e compartilhados
Desafios que ainda travam o setor
Mesmo com avanços expressivos, alguns pontos continuam no radar:
- dependência hídrica na matriz energética brasileira (risco de secas)
- necessidade de ampliar rede de recarga em todo o país
- custos elevados e regras do IPI Verde em discussão
- gargalos regulatórios para veículos pesados
- cadeia produtiva ainda fragmentada, da produção ao reuso de baterias
Para exportar tecnologia e competir globalmente, o Brasil precisa integrar todo o ciclo de vida do veículo.
Oportunidades: por que o Brasil pode liderar a descarbonização automotiva?
A combinação de políticas públicas, inovação industrial e tecnologias limpas cria um cenário promissor para os próximos anos:
- Forte expansão da microgeração e infraestrutura elétrica
Eletrificação acelerada nos grandes centros, com novos hubs de recarga e corredores logísticos.
- Biocombustíveis como diferencial competitivo
Etanol, biodiesel e SAF podem gerar empregos, exportações e menor impacto climático.
- Hidrogênio verde e economia de baixo carbono
Aposta crescente em combustíveis alternativos para caminhões, ônibus e logística pesada.
- Crescimento do mercado de veículos elétricos
Mais modelos, mais fábricas e mais incentivos podem levar o país a dobrar a frota eletrificada até 2030.
Fonte: Notícias do Seguro | CNseg