Seguro para produção de filmes cresce e atrai novas companhias
Fazer cinema no Brasil ficou mais seguro. A vinda de grandes produtoras internacionais para trabalhar em conjunto com produtores brasileiros trouxe para o país a cultura do seguro de produções cinematográficas. Muito comum nos Estados Unidos, por conta das produções de Hollywood, esse tipo de apólice ainda é pouco conhecido aqui, mas a procura vem crescendo e novas seguradoras resolveram entrar no mercado.
Filmes como "Tropa de Elite", "Se Eu Fosse Você" e "Ensaio sobre a Cegueira" contrataram o seguro. O filme que vai contar a vida do presidente Lula, dirigido por Fabio Barreto, também está sendo feito garantido por uma apólice.
O seguro oferece em torno de 15 coberturas, que vão desde os danos causados a terceiros (responsabilidade civil) durante as filmagens, até quebra de equipamentos, problemas dos negativos e atores. O período de cobertura vai desde a pré-produção, passando pela filmagem, pós-produção até a primeira cópia ficar pronta.
Para definir o preço do seguro, os técnicos das seguradoras olham tudo. Orçamento, cronograma de produção, roteiro, equipamentos, locações, se há cenas perigosas e até vasculham a vida dos atores. Segundo Dulce Thompson, diretora de entretenimento da Aon, uma das maiores corretoras do mundo no segmento de entretenimento, responsável pelo contrato de seguro de 80% dos filmes produzidos, a análise da vida de atores e atrizes é necessária para saber de eventuais problemas de saúde (que encarem o preço da apólice), idade e se o ator ou atriz tem histórico de atrasos, faltas ou outros problemas.
No mercado internacional, por exemplo, a atriz australiana Nikole Kidman entrou na lista negra das seguradoras por conta de uma série de problemas. Recentemente ela desistiu de participar do filme que o diretor Woody Allen está rodando em Londres. Filme com ela no elenco tem seguro mais caro.
Problemas nas filmagens são comuns, diz Dulce. Além da quebra frequente de equipamentos e problemas com os negativos, no ano passado houve um sinistro de R$ 2 milhões por causa do cancelamento de um projeto.
O Brasil produz 80 filmes por ano e o mercado brasileiro é dominado por duas seguradoras. A Chubb e a Generali estão entre as poucas especializadas em apólices de produções audiovisuais, tanto para cinema como para televisão e publicidade. A Allianz resolveu entrar nesse mercado agora e a americana Ace também tem planos de lançar um produto para cinema.
Filmes como "Ensaio sobre a cegueira" (co-produção entre Brasil, Canadá e Japão) e "Lula - O filho do Brasil" contaram até com resseguro, feito pelo IRB-Brasil Re. O resseguro é necessário para diluir o risco por conta dos grandes valores envolvidos. Alguns orçamentos chegam a mais de R$ 15 milhões.
Por mês, o IRB tem recebido cerca de 20 novas produções atrás do resseguro, incluindo cinema, televisão e publicidade. Jose Farias de Sousa, gerente da área de riscos de propriedade do IRB conta que a empresa resolveu criar um produto estruturado para a área de produções audiovisuais em 2007. Para 2009, a estimativa do IRB é que o valor total de prêmios aumente até 50% em relação a 2008.
Não há estatísticas oficiais sobre o seguro para entretenimento, porque os dados estão diluídos em várias categorias na Superintendência de Seguros Privados (Susep). Estima-se que esse mercado gire R$ 20 milhões em prêmios. Em importância segurada (valor das produções), só a a Aon fez a colocação de R$ 50 milhões em 2008.
Fonte: Valor Econômico